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Etanol na ONU: mais um ataque

Novo relator pede suspensão dos investimentos em biocombustíveis

Por Raquel Massote e Agências Internacionais
Atualização:

Na Organização das Nações Unidas, as divergências em torno do etanol parecem não ter fim. Na sexta-feira, o novo relator da ONU para o Direito à Alimentação, Olivier de Schutter, pediu a suspensão imediata dos investimentos em biocombustíveis, em entrevista ao jornal francês Le Monde. Para Schutter, a atual crise dos alimentos é uma "grande violação dos direitos básicos". Dias antes, o novo chefe da força-tarefa criada pela ONU para lidar com a crise global dos alimentos, John Holmes, saiu em defesa do etanol e pediu um "debate sofisticado". "Os biocombustíveis não foram criados por uma brincadeira. Foram desenvolvidos em resposta a um problema muito sério, que são os efeitos da mudança climática", ressaltou Holmes. O pensamento reforça a posição do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, que isentou o etanol brasileiro de estimular a alta das commodities. Schutter pediu a realização de uma sessão especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU para debater o combate ao aumento dos preços internacionais e a escassez de alimentos. O novo relator traz para sua administração supostamente a mesma linha de pensamento de seu polêmico antecessor, Jean Ziegler, que se notabilizou ao classificar os biocombustíveis como "crime contra a humanidade". Em reunião esta semana, ONU, Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI) criaram o Programa Mundial de Alimentos (PAM). Calculam que serão necessários US$ 755 milhões a mais do que o orçamento do ano passado - de US$ 2,4 bilhões - para neutralizar a alta dos alimentos. Em Uberaba (MG) durante a abertura da 74ª ExpoZebu, o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues criticou a proposta de Schutter de suspensão imediata dos investimentos em biocombustíveis. Para Rodrigues, "a grande ?violação dos diretos básicos? é o subsídio agrícola que persiste nos Estados Unidos e na Europa e que inibe os países em desenvolvimento de gerar emprego e renda e produzir mais comida para o mundo inteiro". Ele defende que o Brasil reaja diplomaticamente às recomendações do relator da ONU e esclareça que a produção de cana-de-açúcar não só não concorre com alimentos, como contribui para aumentar a produção.

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