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EUA: bancos menores sucubem às perdas em títulos dos grandes

No período da crise, 77 bancos pequenos e regionais foram fechados, na taxa mais acelerada desde 1992

Por AE
Atualização:

A crise bancária nos Estados Unidos está em uma nova fase, conforme os bancos menores e regionais sucumbem às grandes quantias de empréstimos e títulos tóxicos comprados de outros bancos, afirmou o Wall Street Journal. Até o momento este ano, 77 bancos dos EUA foram fechados, na taxa mais acelerada desde 1992, segundo o jornal, e analistas acreditam que esse número aumentará.

 

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Autoridades federais estavam prestes a fechar o Guaranty Financial Group nesta última quinta-feira, 20, no que poderá ser o 10º maior colapso de um banco na história dos EUA - e assegurar a venda do banco de Texas para o Banco Bilbao Vizcaya Argentaria SA, da Espanha. Os problemas do Guaranty foram causados pelo portfólio de investimentos, lotado de títulos em deterioração criados com o agrupamento de hipotecas originadas por alguns dos piores credores do país.

 

O Guaranty é um dos milhares de bancos que investiram em tais títulos, que costumavam ter rating elevado, mas acabavam dependendo da saúde da indústria de hipotecas e das instituições financeiras. "Na maioria dos cenários, eram investimentos bons e prudentes - desde que não houvesse uma crise bancária ou imobiliária", afirmou John Stein, presidente da FSI Group LLC, uma empresa de Cincinnati que investe em instituições financeiras.

 

O espectro de um colapso sistêmico no sistema bancário dos EUA desapareceu, principalmente porque o governo fortaleceu a indústria com US$ 250 bilhões em capital desde o ano passado, a maior parte destinada aos grandes bancos. Mas mais de 20% de todos os bancos registraram prejuízo no primeiro trimestre, segundo dados mais recentes da Corporação Federal de Seguro de Depósito (FDIC), e agora os problemas estão aumentando para as pequenas e médias instituições.

 

Muitos analistas e banqueiros estão preocupados de que o efeito bumerangue que matou o Guaranty poderá abater muitos bancos pequenos e regionais, já enfraquecidos pelas perdas com hipotecas residenciais, cartões de crédito, imóveis comerciais e outros ativos. "Não há dúvida de que esses títulos serão, para alguns desses bancos, a gota d'água", disse Cassandra Toroian, fundadora da gestora de recursos Bell Rock Capital LLC.

 

Milhares de bancos e instituições de poupança compraram títulos atrelados ao mercado imobiliário ou a outras instituições financeiras na última década. Tais investimentos eram atraentes porque pareciam certos a superar em performance os Treasuries, os bônus municipais e outros títulos que dominaram as carteiras dos bancos por diversas gerações. Até 31 de março, as 8.246 instituições financeiras apoiadas pela FDIC detinham US$ 2,21 trilhões em títulos - ou 16% dos ativos totais, de US$ 13,54 trilhões.

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No mês passado, diversos bancos pequenos e regionais disseram que seus resultados financeiros foram prejudicados pela deterioração no portfólio de títulos. A consultoria Red Pine estima que essas instituições possuam cerca de US$ 37,2 bilhões em títulos de emissores privados. Mas os reguladores pressionam para que sejam feitas baixas contábeis no valor dos títulos lastreados em hipotecas, uma vez que mais mutuários atrasam os pagamentos dos empréstimos tomados.

 

Os bancos também são prejudicados pelos mais de US$ 50 bilhões em títulos híbridos, instrumentos financeiros que misturam dívida e ações. De 2000 a 2008, mais de 1.500 bancos regionais e pequenos emitiram títulos híbridos, segundo a Red Pine. As informações são da Dow Jones.

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