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EUA e Canadá articulam reunião para tentar salvar Alca

Por Agencia Estado
Atualização:

Na tentativa de revitalizar a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), arranhada com o oprotecionismo norte-americano e a indiferença do presidente George W. Bush aos problemas econômicos e financeiro de alguns países sul-americanos, os Estados Unidos e o Canadá iniciaram uma série de contatos diplomáticos em busca de apoio para realizar, no primeiro semestre do próximo ano, uma reunião extraordinária de cúpula dos 34 países candidatos ao bloco comercial. Embora não exista confirmação oficial e o assunto venha sendo tratado ainda como ?embrionário?, diplomatas dos dois países trabalham com a possibilidade de fazer essa reunião no México. O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, também estaria envolvido na tarefa de realizar a reunião. De acordo com fontes diplomáticas canadenses, os EUA estariam interessados em correr atrás do tempo perdido e tentar revitalizar a Alca, principalmente porque agora têm em mãos a Trade Promotion Authority (TPA) para negociar acordos comerciais, que foi negado durante oito anos ao ex-presidente Bill Clinton. O Canadá, país anfitrião da 3ª Reunião de Cúpula da Alca, acredita que o protecionismo norte-americano e a crise econômica latino-americana colocaram em risco o processo de integração comercial dos 34 países. Na última reunião de cúpula, realizada em Quebec, em abril de 2001, os presidentes estabeleceram um calendário de negociações e ratificaram 2005 como o ano para a entrada em vigor do acordo de livre comércio nas Américas, área com mais de 800 milhões de habitantes, um PIB que supera os US$ 12 trilhões e um comércio exterior que se aproxima de US$ 2 trilhões. Medidas protecionistas Desde Quebec, porém, os EUA não só deixaram de cumprir as promessas de abrir o mercado, como adotaram inúmeras medidas protecionistas ? aumento de tarifas de importação sobre o aço, ampliação de subsídios à produção agrícola e sanções contra a importação de madeira canadense, que provocaram duras reações das principais economias da América Latina, principalmente da brasileira. ?A proposta de convocar os presidentes para um encontro intermediário antes da reunião de cúpula que será realizada no segundo semestre do próximo ano vem tomando forma?, disse à Agência Estado uma fonte diplomática brasileira. Com essa iniciativa, os EUA e o Canadá tentariam acelerar o processo e recuperar o tempo perdido. ?Não há nada oficial ainda. Mas parece que essa idéia está sendo examinada?, disse o diplomata brasileiro, que pediu anonimato. Se a diplomacia norte-americana e canadense tiverem sucesso nessa empreitada no decorrer das próximas semanas, a reunião extraordinária da Alca no início de 2003 poderia ser anunciada durante a 7ª reunião de ministros de Comércio e Relações Exteriores entre os dias 27 e 31 de outubro em Quito, no Equador, onde o Brasil e os EUA assumirão a co-presidência da Alca. Outras prioridades A fonte brasileira acredita, no entanto, que uma reunião intermediária de cúpula da Alca não resolveria nada, já que as prioridades do governo norte-americano hoje são outras. ?A Casa Branca tem pela frente problemas no Oriente Médio, a guerra contra o terrorismo, conflito com o Iraque e as eleições legislativas de novembro pela frente. Decididamente, esses elementos influenciam no andamento da Alca, que não é nenhuma prioridade do governo Bush?, disse a fonte da diplomacia brasileira. Fora isso, disse o diplomata, ?neste momento o Brasil vive clima de eleições e também não está muito preocupado com o tema Alca, mas com outros assuntos como segurança, violência e desemprego?. A mesma avaliação é feita pelo presidente da Associação de Empresas Brasileiras para a Integração de Mercados (Adebim), Michel Alaby. ?A Alca não é e nunca foi prioridade do governo do presidente George W. Bush, que também não quer perder nas eleições legislativas de novembro?, afirmou Alaby. A avaliação da diplomacia canadense, no entanto, é outra. Para eles, os EUA estariam dispostos a avançar mais rapidamente nas negociações. Com a assinatura de acordos comerciais com o Chile e com cinco países da América Central, previstas até o final do ano, seriam oito dos 34 países previstos na Alca a aderirem a acordos bilaterais com os EUA. Isso, segundo analistas, seria uma forma de pressionar as nações que se mostram até agora entre os mais reticentes à criação da Alca.

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