Publicidade

EUA e UE pedem urgência para destravar negociações comerciais

Por WILLIAM SCHOMBERG
Atualização:

Os Estados Unidos e a União Européia (UE) pediram na terça-feira que avancem com urgência as negociações sobre um acordo mundial de comércio, que pode sofrer um atraso de anos se não for concluído em breve. "Convocamos os membros da OMC (Organização Mundial do Comércio) para realizarem contribuições significativas necessárias a fim de progredirmos nas negociações, superarmos os impasses nas próximas semanas e concluirmos um acordo em caráter de urgência", disse o esboço de uma declaração a ser divulgada depois da cúpula EUA-UE. Integrantes da OMC começaram a discutir em Genebra, na segunda-feira, formas de reduzir suas divergências sobre como diminuir as barreiras alfandegárias no setor de produtos industrializados. O processo integra a rodada de negociações de Doha. Se os negociadores encontrarem pontos em comum, a OMC deve convocar ministros no final de junho ou começo de julho para tentar elaborar as linhas gerais de um acordo sobre os setores industrial e agrícola. A rodada de Doha foi lançada em 2001 com o objetivo de incentivar a economia mundial e ajudar os países pobres a ampliarem as exportações. No entanto, sem uma superação dos impasses nas próximas semanas, o processo corre o risco de ficar travado durante vários anos mais, devido à posse de um novo presidente norte-americano e a outros fatores. Os EUA e a UE querem que países como o Brasil, a China e a Índia abram mais seus mercados à importação. No entanto, muitos países em desenvolvimento acusam os mais ricos de serem protecionistas demais com seus produtores agrícolas. Da cúpula de terça-feira participaram o presidente dos EUA, George W. Bush, e José Manuel Barroso, presidente da Comissão Européia, bem como seus respectivos chefes da área comercial, Susan Schwab pelos norte-americanos e Peter Mandelson pelos europeus. LAÇOS BILATERAIS O comunicado também ressaltou a importância de um novo organismo bilateral, o Conselho Econômico Transatlântico (TEC), criado no ano passado para melhorar as relações comerciais entre os EUA e a UE e para ampliar os investimentos em vários setores. Autoridades norte-americanas haviam dito antes que os esforços para colocar fim a uma proibição imposta pela UE à importação de aves norte-americanas significava um teste para a eficiência do TEC. A proibição foi adotada em 1997 porque os produtores dos EUA lavam a carne do frango com cloro. A Comissão Européia deseja suspender a medida, impondo porém condições rigorosas. Já muitos países-membros da UE continuam contrários à proposta. A declaração da cúpula não se referiu especificamente ao caso das aves, mas disse ser "essencial que os dois lados observem seus comprometimentos" no que diz respeito ao TEC. O documento afirmou ainda que os EUA e a UE estavam empenhados em abrir os investimentos e que "resistirão ao sentimento protecionista existente internamente e lutarão contra o protecionismo vindo de fora", um reconhecimento dos desafios cada vez maiores enfrentados pelos dois lados para tornar mais livre o comércio através do Atlântico.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.