PUBLICIDADE

EUA fecham site que ‘lavou’ US$ 6 bi

Segundo procuradores, página ‘facilitava a conduta criminosa global’, de identidades roubadas até pornografia infantil

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - Os operadores de uma das maiores organizações de lavagem de dinheiro online – que de acordo com as autoridades era um centro importante para os criminosos traficarem tudo, desde identidades roubadas até pornografia infantil – foram indiciados nesta terça-feira, 28, pela Justiça Federal dos Estados Unidos.

PUBLICIDADE

O Liberty Reserve foi responsável pela lavagem de mais de US$ 6 bilhões nos últimos sete anos, com milhões de clientes em todo o mundo. Os promotores dizem que a empresa "facilitava a conduta criminosa global" e o processo, que envolveu policiais de 17 países, deve ser o maior caso de lavagem de dinheiro internacional na história.

De acordo com a acusação, um complicado sistema foi concebido para permitir a transferência de valores em todo o mundo, usando o anonimato virtual. "Era de fato um PayPal para criminosos", disse um agente da polícia, qualificando a empresa e o sistema de operações de "sistema bancário paralelo para atividades criminosas" que "facilitava todo o tipo de atividade criminosa, que, do contrário, não ocorreria".

Foram indiciadas sete pessoas, entre diretores e funcionários da empresa. Cinco deles foram presos na sexta-feira na Espanha, Costa Rica e no bairro do Brooklyn, em Nova York. "O Liberty Reserve era na verdade usado para fins ilegais, funcionando como um banco para o submundo do crime", afirma o documento de acusação.

O Liberty Reserve era uma espécie de agência de câmbio online, e surgiu como um veículo para transferir dinheiro entre partes em algumas atividades criminosas via internet de grande destaque, incluindo o indiciamento de oito nova-iorquinos envolvidos na pilhagem de US$ 45 milhões de máquinas bancárias em 27 países. A organização foi incorporada na Costa Rica em 2006 por Arthur Budovsky, que renunciou à cidadania americana em 2011 e foi preso na Espanha na sexta-feira.

As acusações foram anunciadas nesta terça-feira pelo promotor Preet Bharara, de Manhattan, numa entrevista coletiva junto com funcionários do Departamento de Justiça, do Serviço Secreto e do Serviço de Receita Interna (Receita Federal) e do Departamento de Segurança Nacional.

Além das acusações criminais, cinco nomes de domínio foram confiscados, incluindo o usado pelo Liberty Reserve. As autoridades também bloquearam e restringiram a atividade de 45 contas bancárias.

Publicidade

As acusações revelam como o sistema de transferência de dinheiro operava, oferecendo um perfil do mundo obscuro das transações financeiras online.

Anonimato. Para transferir dinheiro pelo site, o usuário precisava fornecer nome, endereço e data de nascimento, mas não era necessário validar sua identidade. "As contas podiam ser facilmente abertas usando identidades fictícias ou anônimas", declara a peça de acusação. Os promotores citaram "apelidos gritantemente criminosos" usado por clientes do Liberty Reserve, como "Russia Hacked". Basicamente tudo que um cliente precisava para abrir uma conta era um endereço de e-mail.

Um policial, que falou na condição de anonimato antes do anúncio das acusações, disse que um agente conseguiu registrar contas descrevendo como propósito "para cocaína", sem ser contestado. Esse sistema de verificação "sem perguntas" fez do Liberty Reserve o principal banco para cibercriminosos, facilitando um amplo leque de atividades ilegais online.

A mesma fonte policial disse que o caso era importante porque atacava a infraestrutura financeira usada por muitos cibercriminosos da mesma forma como os processos por lavagem de dinheiro da droga tentaram atingir os sustentáculos financeiros do narcotráfico. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO E CELSO PACIORNIK

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.