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EUA injetam US$ 800 bi na economia

Pacote tenta reativar o crédito ao consumidor e às pequenas empresas e o mercado de títulos de hipotecas

Por Patrícia Campos Mello
Atualização:

O governo dos Estados Unidos anunciou ontem mais um pacote de estímulo econômico. Desta vez, serão injetados US$ 800 bilhões para reativar o crédito ao consumidor e o mercado imobiliário. Quase todo o pacote será bancado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). "É muito importante que o crédito esteja disponível porque a economia está desacelerando de forma dramática", disse o secretário do Tesouro, Henry Paulson, durante coletiva de imprensa em Washington. "Vai demorar para resolvermos os problemas e novos desafios vão continuar surgindo." O programa prevê a injeção de US$ 200 bilhões para baratear o crédito ao consumidor e US$ 600 bilhões para reduzir juros em financiamentos imobiliários. Na tentativa de lidar com a crise de crédito que tomou conta da economia americana, o Tesouro já injetou US$ 250 bilhões em bancos do país, mas as instituições, muito fragilizadas, ainda não voltaram a conceder empréstimos normalmente. O Fed também já reduziu a taxa de juros de 4,25% para 1%, ou seja, a política monetária tradicional está no limite. Agora, o banco central americano passa a injetar dinheiro diretamente nas áreas onde o crédito continua paralisado. Somadas todas as medidas adotadas até agora, o governo já concedeu US$ 7 trilhões em garantias, empréstimos ou compras de participações em empresas e bancos. A primeira parte do novo pacote prevê US$ 100 bilhões para a compra de dívidas da Fannie Mae e Freddie Mac e US$ 500 bilhões para adquirir títulos lastreados em hipotecas emitidos pelas duas agências. "O objetivo da iniciativa é aumentar a oferta de empréstimos a custos razoáveis", disse Paulson. O programa deverá começar no fim do ano e se estender por vários trimestres. "Essa ação vai reduzir o custo e aumentar a oferta de crédito para a compra de casas, o que deve ser um suporte para o mercado imobiliário para melhorar as condições do mercado financeiro em geral", diz o Fed. A segunda parte do pacote é uma linha de empréstimos para reativar o mercado de títulos lastreados em empréstimos ao consumidor e pequenas empresas. O Fed vai conceder empréstimos de até US$ 200 bilhões para detentores de papéis lastreados em financiamentos de automóveis, crédito estudantil, dívida de cartão de crédito ou empréstimo a pequenas empresas. Ao reativar esse mercado, o objetivo é reduzir os juros para o consumidor. Essa é a primeira vez que o Fed vai financiar diretamente crédito ao consumidor. Segundo Paulson, a escassez de crédito está diminuindo o consumo e enfraquecendo a economia. Essa parte do programa deve ter início em fevereiro. O Tesouro vai contribuir com US$ 20 bilhões para esse programa, vindos dos US$ 700 bilhões do pacote de estímulo econômico. Mas o Tesouro ainda não se dobrou a uma das maiores reivindicações dos legisladores e de Sheila Bair, presidente da FDIC, agência que garante as contas bancárias. Eles acham que o governo precisa usar parte do dinheiro do pacote para refinanciar hipotecas com os proprietários de casas que não conseguem pagar suas parcelas do financiamento.

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