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EUA investigam Walmart por propina no México

Segundo fontes, varejista passa por investigação criminal do Departamento de Justiça e também será questionada pelo Congresso, o que fez ação cair 4,7%

Por GUSTAVO CHACRA , CORRESPONDENTE e NOVA YORK
Atualização:

O Walmart, principal rede de varejo do mundo, enfrenta uma das maiores crises administrativas de sua história depois de a sua filial no México ter sido acusada de subornar autoridades do país em reportagem publicada no jornal 'The New York Times'.O Departamento de Justiça dos EUA conduz uma investigação criminal sobre as acusações, segundo duas fontes citadas pelo Washington Post. A empresa também enfrenta problemas com o Congresso americano. Os deputados Henry Waxman e Elijah Cummings abriram uma investigação para apurar as denúncias de suborno e corrupção feita contra a unidade mexicana da rede varejista Walmart, informou ontem a emissora CNBC.Em reação ao escândalo, as ações da empresa fecharam com queda de 4,66% em Nova York, cotadas a US$ 59,54. Analistas preveem uma batalha legal para a companhia que pode durar anos. Alguns dos principais executivos da empresa correm o risco de perder seus empregos.Segundo o New York Times, o Walmart não levou adiante uma investigação para apurar se o seu braço mexicano, conhecido como WalMex, subornou autoridades do país para abrir filiais. Hoje, uma em cada cinco lojas da rede se localiza no México.Inicialmente, o Walmart teria enviado uma missão para verificar os gastos de US$ 24 milhões com suborno. Depois de descobrir as irregularidades, a matriz da companhia, nos EUA, não teria levado adiante o caso e tampouco teria informado a Justiça mexicana e americana.Depois de avisado pelo New York Times de que seria publicada uma reportagem sobre o escândalo, o Walmart entrou em contato com a Securities and Exchange Comission (SEC, a comissão de valores mobiliários dos EUA) e com o Departamento de Justiça americano. Caso comprovadas as acusações, o Walmart terá violado a Lei de Práticas Corruptas no Exterior, do Departamento de Justiça americano, que já pediu explicações à empresa.Um dos envolvidos é o atual vice-presidente do Walmart, Eduardo Castro-Wright, que, após dirigir a WalMex, assumiu a posição nos EUA. A especulação é de que ele possa ser removido do cargo enquanto as investigações prosseguem. Em seu site, o Walmart afirmou que "não tolera o descumprimento da Lei Contra Práticas de Corrupção no Exterior em nenhum nível da empresa e em nenhum lugar". Segundo David Tovar, vice-presidente de comunicação corporativa, "uma investigação começou em meados do ano passado".Imagem. As revelações do New York Times ameaçam destruir a imagem de retidão que o Walmart construiu cuidadosamente nos últimos anos, em reação às acusações de que a empresa paga salários muito baixos a seus funcionários e de que faz com que pequenas lojas familiares acabem saindo do mercado.O Walmart possui lojas em 27 países, incluindo o Brasil, e atende 200 milhões de clientes por semana. Ao todo, a empresa emprega 2,2 milhões de pessoas e suas vendas devem atingir US$ 444 bilhões neste ano.

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