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EUA não aceitarão risco para a agricultura, diz deputado

Por Agencia Estado
Atualização:

O Congresso dos Estados Unidos não aceitará acordos de comércio que coloquem em risco a agricultura do país. A afirmação é do presidente da Comissão de Agricultura da Câmara de Representantes dos EUA, Larry Combest, que está chefiando uma delegação de parlamentares em viagem ao Brasil. Combest ressalta que a última palavra nas negociações agrícolas na Organização Mundial de Comércio (OMC) e na Área de Livre Comércio das Américas (Alca) será do Congresso. A autorização dada pela Câmara ao Executivo americano para negociar os acordos de comércio através do TPA (Trade Promotion Authority) exclui cerca de 300 produtos, entre eles, uma série de produtos agrícolas considerados "sensíveis". Combest disse que não haverá restrição nas negociações. "Todos os setores estão na mesa", disse, respondendo à pergunta sobre acesso ao mercado norte-americano de açúcar e suco de laranja brasileiros. Mas finalizou afirmando que a ampliação do comércio com o Brasil não pode significar prejuízos para agricultores americanos. "Nós, como membros do comitê de agricultura não vamos colocar em segundo plano a prosperidade dos agricultores americanos por questões de comércio. Não vamos negligenciar nossa responsabilidade e nosso dever de protegê-los", ressaltou. A delegação de deputados se reuniu hoje com o ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, e também com representantes do ministério de Relações Exteriores. O presidente da Comissão de Agricultura diz que o objetivo é uma troca de idéias. "Não estamos aqui para negociar nada, não somos negociadores", afirmou. Soja A Confederação Nacional da Agricultura e a Associação Brasileira da Indústria de Soja (Abiove), entregarão hoje à tarde um documento a Larry Combest, pedindo a revisão da legislação que concede subsídios aos produtores de soja dos Estados Unidos, a Loan Price Deficiency Payment (LDP). No documento, assinado pelos presidentes da Abiove, Carlos Lovatelli, e da CNA, Antonio Ernesto de Salvo, as entidades afirmam que por haver evidências técnicas de que o programa fere as regras da OMC, o Brasil - com o apoio do setor privado - está determinado a questionar essas subvenções junto ao órgão. Nesse sentido, lembram que já houve consultas informais com as autoridades americanas em Genebra, em setembro passado. Na avaliação das entidades, a LDP tem incentivado artificialmente a soja nos EUA, levando a um excesso de produção, o que causa depressão de preços do produto no mercado internacional. "A Loan Price eliminou o mecanismo de mercado que ajustava a oferta à demanda, pois mesmo com preços historicamente baixos, o produtor americano continuou a aumentar a área plantada", salienta o documento. Os autores ressaltam que, enquanto isso, o Brasil tem expandido legitimamente sua produção de soja, especialmente devido ao aumento de produtividade que é de 2.777 kg/ha, contra 2.561 kg/ha, nos EUA. As entidades alertam ainda para o fato de que os subsídios também estão tendo impacto negativo no agronegócio americano. "Ao invés de melhorar a competitividade do sojicultor, as subvenções estão aumentando continuamente os custos de produção, através da valorização crescente das terras", afirmam. Segundo a CNA e a Abiove, uma área de produtividade semelhante no principal Estado produtor do Brasil (Mato Grosso) á aproximadamente sete vezes mais barata que no meio-oeste dos EUA (em Illinois).

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