PUBLICIDADE

EUA não levarão em conta ameaças do Brasil na disputa do aço

Por Agencia Estado
Atualização:

A embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Donna Hrinak, sinalizou nesta quinta-feira que o governo americano não deverá levar em conta a ameaça do Brasil de iniciar um contencioso na Organização Mundial do Comércio (OMC), ao avaliar a possível isenção de produtos siderúrgicos brasileiros das medidas de salvaguardas ao aço, vigentes desde março. Segundo Donna, a avaliação da Representação dos Estados Unidos para o Comércio (USTR) estará baseada exclusivamente na análise das necessidades da indústria americana consumidora de aço e não nos processos que os países possam vir a mover contra os interesses americanos na OMC. "A avaliação será feita de produto a produto, e não de país a país", afirmou a embaixadora, que participou de uma cerimônia de assinatura de acordo aduaneiro ao lado do secretário da Receita Federal, Everardo Maciel. "A análise do USTR se dará em bases técnicas, em relação ao que a indústria precisa", completou. Na semana passada, o governo brasileiro mostrou-se decidido a apresentar o pedido de formação de um comitê de arbitragem (panel) à OMC para julgar as medidas de salvaguardas aplicadas pelos Estados Unidos às importações de aço. O Brasil poderá iniciar o contencioso individualmente ou se associar a um grupo de países que se prepara para disputa similar, liderado pelos 15 sócios da União Européia. Salvaguardas A posição foi expressa pelo embaixador Clodoaldo Hugueney, subsecretário-geral de Assuntos de Integração, Econômicos e de Comércio Exterior do Itamaraty, que reiterou a avaliação de que as medidas americanas contrariam regras acordadas na OMC. O governo aposta que as revisões das medidas de salvaguardas no início do próximo semestre serão inevitáveis. O resultado da análise da primeira lista de produtos pelo USTR deverá ser anunciado no dia 5 de julho - quando o governo brasileiro espera ver incluído um dos principais produtos de exportação das siderúrgicas nacionais, o Ultra Low Carbon (ULC). Outra avaliação deverá ser concluída nas semanas seguintes e poderá contemplar outros dois semi-acabados de interesse do Brasil. Automotivo Além da gritaria de pesos pesados do comércio internacional, como a União Européia e o Japão, o governo americano enfrenta internamente a pressão dos setores produtivos que dependem da importação de aço e que tiveram seus custos elevados por conta da proteção concedida a uma parcela das siderúrgicas. O setor automotivo americano, por exemplo, reclama ao USTR da elevação de até 50% nos preços de insumos essenciais, como as bobinas a frio, desde janeiro deste ano. O USTR avalia ainda o impacto desse aumento de custos à produção nos indicadores de inflação e no próprio andamento da atividade econômica.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.