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EUA poderão apoiar acordo de transição

O secretário-adjunto do Departamento de Estado Americano para a América Latina, Otto Reich, disse hoje a jornalistas brasileiros e estrangeiros que os EUA poderão dar apoio ao Brasil, caso haja a negociação de um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para a transição deste para o próximo governo

Por Agencia Estado
Atualização:

O secretário-adjunto do Departamento de Estado americano para a América Latina, Otto Reich, afirmou nesta terça-feira que seu país dará apoio ao Brasil em caso de uma possível negociação com o Fundo Monetário Internacional (FMI) de um acordo para a transição para o novo governo. Reich enfatizou que o Brasil é "um país amigo" dos Estados Unidos e que o governo americano mantém sua confiança nos fundamentos da economia brasileira. Com relação ao acordo pleiteado pela Argentina com o FMI, entretanto, Reich se mostrou mais cauteloso. "O Brasil é um país amigo. Eu não especulo sobre quais necessidades o Brasil poderá ter no futuro. Mas faremos o que for necessário para ajudá-lo a sair de um problema que ele mesmo não causou", afirmou Reich a jornalistas brasileiros e correspondentes estrangeiros, ao final de dois dias de encontros com autoridades do País. A declaração de Reich, em princípio, tornará mais confortável uma possível iniciativa do Brasil de recorrer ao FMI, como meio de criar um colchão de proteção no País contra as turbulências decorrentes dos resultados da eleição presidencial. Ontem, o próprio ministro da Fazenda, Pedro Malan, admitiu a possibilidade de essas negociações serem iniciadas e ainda ressaltou que o Fundo deixou claro, por meio de nota, que estaria aberto a essas discussões. Administração Reich, entretanto, reiterou que a economia brasileira tem sido "bem administrada" e, indiretamente, disparou elogios à equipe conduzida por Malan. Questionado sobre os candidatos à sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso e suas propostas para a área econômica, Reich preferiu não fazer comentários, por considerar que as eleições são temas exclusivamente internos. "Nós temos confiança nos fundamentos da economia brasileira, na sua excelente equipe econômica e na sua liderança política", afirmou. Na noite de hoje, Reich embarca para a Argentina, o país da região que enfrenta a mais séria crise econômica e que há sete meses tenta, sem êxito, fechar um acordo de ajuda financeira com o FMI. Para Reich, as autoridades do país vizinho "fizeram progressos" nas negociações com o Fundo, mas ainda não conseguiram solucionar três fatores que, do ponto de vista americano, são os problemas mais graves - a alteração na Lei de Falências, a eliminação de Lei de Subvenções Econômicas e a relação entre o Banco Central e as Províncias. "Nós estamos encorajando o acordo com o FMI. A razão está no fato de que os Estados Unidos estão do lado da Argentina. Eles fizeram progressos e creio que o acordo será concluído em breve", afirmou Reich. Alca Otto Reich indicou ainda, durante a entrevista, que os Estados Unidos pretendem construir uma rede de liberalização das trocas de bens e de serviços nas Américas tanto pela via bilateral como por meio da própria Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Ao ser questionado sobre a possibilidade de o Brasil e os Estados Unidos negociarem bilateralmente, o secretário admitiu que "tudo é possível". Mas completou que, por enquanto, trata-se apenas de uma hipótese e que ele não estava, naquele momento, convidando o governo brasileiro a iniciar essas negociações. "Isso depende do Brasil, se quer fazer parte do grupo. Isso não é um convite. Você fez uma pergunta hipotética. Não estou fazendo um convite", afirmou. "Mas tudo é possível", voltou a enfatizar. Reich reconheceu ainda que o Mercosul vive hoje um "ciclo econômico de baixa". Para ele, o melhor caminho para o bloco sair desse cenário seria a Alca. O secretário ainda insistiu que o País conta com diplomatas habilidosos, reconhecidos internacionalmente como "um dos mais justos e duros". Portanto, não haveria razão para se alimentar temores no País sobre a condução dessas negociações. Reich ainda afirmou que seu país não vai pressionar nenhum parceiro a continuar as discussões da Alca. "Ninguém quer forçar ninguém a assinar um tratado que não seja de seu interesse."

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