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EUA preparam reforma financeira profunda

Segundo secretário do Tesouro americano, governo apresentará novo plano em junho

Por AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
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As práticas das empresas financeiras americanas usadas para remunerar seus executivos precisam de uma mudança profunda, afirmou ontem o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, ao canal de TV Bloomberg. Ele disse que a administração do presidente americano, Barack Obama, deve anunciar em meados de junho um plano para ajudar as companhias a realinhar esses pagamentos de acordo com a eficiência nos negócios. "Eu não acredito que vamos voltar à situação anterior", disse Geithner. O secretário do Tesouro afirmou que as práticas atuais de Wall Street encorajam o risco de curto prazo e ofereceram as condições para que a crise financeira se instalasse no país. "Vamos precisar de mudanças muito, muito substanciais", afirmou. Segundo ele, será necessária uma mudança de padrão das atuais regras de forma que os reguladores federais possam garantir que bolhas como a que originou a recessão não ocorram novamente. "Queremos estabelecer normas de regulamentação mais rígidas para garantir que o sistema criado para pagar prêmios (aos executivos) não afetará a ação dos reguladores", disse Geithner. O plano de remunerações a executivos fará parte de uma proposta de mudança na regulação financeira voltada a proteger consumidores e reduzir a vulnerabilidade do sistema financeiro americano a crises. Geithner não se arriscou a dizer quando a crise deve acabar. Segundo ele, o crédito ainda está "apertado" e as taxas de juros são ainda "elevadas". Segundo ele, a melhora deve ocorrer gradualmente à medida que as dívidas das empresas e dos consumidores chegarem a níveis sustentáveis. "Isso vai tornar o processo de recuperação um pouco mais lento do que seria de outra forma", acrescentou. BANCOS O secretário do Tesouro declarou que há uma "preocupação real" no fato de alguns bancos grandes que receberam ajuda do governo terem a intenção de apressar a devolução. Segundo ele, devolver agora aos cofres públicos o dinheiro pode interferir na capacidade desses bancos de aumentar a concessão de empréstimos, num mercado ainda escasso. Os bancos querem o quanto antes reembolsar o socorro público oferecido por meio do Programa de Resgate de Ativos Problemáticos (Tarf, na sigla em inglês) de US$ 700 bilhões. Dessa forma, eles podem se livrar das regras rígidas impostas pelo governo no uso desses recursos. Mas, segundo Geithner, o governo americano quer desencorajar a devolução precoce. Antes de reembolsar o dinheiro, os bancos terão de provar que têm mais capital do que o recomendado pelo governo nos "testes de estresse". As instituição financeiras terão ainda de provar que são capazes de levantar dinheiro com o setor privado "em uma escala significativa", sem ajuda governamental.

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