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EUA rejeitam reestruturação da GM

Obama deu dois meses para empresa refazer seus planos de ajuste, sem o que não haverá mais ajuda do governo

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Por Redação
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O presidente americano, Barack Obama, anunciou ontem seu projeto para estimular a indústria automobilística, mas rejeitou os planos de reestruturação apresentados pelas montadoras General Motors e Chrysler. Disso dependia a liberação de mais dinheiro para salvá-las da falência. As companhias haviam pedido US$ 21,6 bilhões, além dos US$ 17,4 bilhões que já foram liberados em dezembro do ano passado pelo governo do presidente George W. Bush. Obama disse que não pensa em "desculpar mais as más decisões" dos executivos das companhias e que elas não podem continuar dependendo de "um fluxo interminável de dólares" dos contribuintes. Em reação, as bolsas em todo o mundo tiveram um dia mau humorado. Nos EUA, o índice Dow Jones recuou 3,27%, o S&P caiu 3,48% e o Nasdaq, 2,81%. As ações da General Motors lideraram as perdas com desvalorização de 25,41%. Mas o governo americano não fechou completamente as portas para o novo resgate. Ofereceu mais dois meses para que a GM refaça os planos de ajuste e outros 30 dias para a que a Chrysler negocie uma fusão com a italiana Fiat (ler box ao lado). A condição para reabrir os cofres públicos, avisou, é que se faça uma "cirurgia radical" nas contas das companhias. Mas enquanto o plano definitivo não fica pronto, a GM deve receber o suficiente para continuar funcionando. Para Obama, os planos apresentados pelas montadoras são muito tímidos e chegaram tarde demais, o que não deixou escolha ao governo senão pressionar pela saída do executivo-chefe da GM, Rick Wagoner (que apresentou renúncia formalmente ontem), e apressar a fusão da Chrysler com a Fiat. "Não podemos, não devemos e nós não vamos permitir que nossa indústria automobilística simplesmente desapareça. Mas nós também não podemos continuar nos desculpando por decisões fracas", disse Obama. Obama ainda não descartou o uso da lei de falências no processo de recuperação das montadoras, apesar de a GM e a Chrysler terem advertido que a hipótese de uma "falência organizada"seria a pior das opções por significar a morte quase certa das empresas. Mas, para o presidente americano, é possível coordenar o processo sem que elas sejam extintas. "Isso não quer dizer que o processo vai levá-las ao fechamento ou vai liquidá-las e que elas não existirão mais", afirmou. A intenção, segundo o presidente americano, é tornar as companhias mais saudáveis após a reestruturação. "O que nós estamos interessados é oferecer à GM uma oportunidade de finalmente fazer essas muitas e necessárias mudanças que vão levá-la a emergir da crise como uma companhia mais forte e competitiva." CORTES DRÁSTICOS Para que os novos planos sejam aceitos pelo governo, as diretrizes exigidas pela Casa Branca são claras. No caso da GM, a dívida e as responsabilidades financeiras "devem ser reduzidas de forma substancial". Isso significará uma drástica redução no número de marcas que a GM tem, assim como a diminuição de sua rede de concessionárias. O governo também quer que a montadora invista em tecnologias para que os veículos tenham um consumo de combustível menor. No caso da Chrysler, Obama advertiu que a situação é "mais difícil" e que, de acordo com a análise dos assessores, a empresa só poderá sobreviver se a prevista aliança com a italiana Fiat se concretizar. CONSUMO Para estimular o crescimento da demanda por carros nos EUA, Obama disse que seu governo vai acelerar os planos para comprar novas frotas e que prepara uma série de incentivos para que os consumidores comprem mais veículos produzidos no país. Ele antecipou que deduções fiscais estão previstas na compra de automóveis novos desde 16 de fevereiro. Obama também anunciou planos para desenvolver programas similares aos existentes na Europa, para incentivar a substituição de veículos usados por novos. O governo ainda deve dar garantias aos carros fabricados pela GM e Chrysler. Muitos consumidores hesitam na hora de comprá-los com medo que as montadoras quebrem e ninguém assuma o compromisso por eles. CANADÁ O governo canadense também rejeitou ontem os planos propostos pelas subsidiárias da General Motors e Chrysler no país. Disseram que, para que elas recebam a ajuda que pedem, os planos não são suficientes e estipulou o mesmo prazo dado pelos EUA para as duas montadoras melhorarem suas estratégias. Durante esse período, a Chrysler receberá US$ 800 milhões dos governos do Canadá e da Província de Ontário. O Canadá deu US$ 2,4 bilhões à General Motors.

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