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EUA se negam a compensar Europa por sobretaxa de aço

Por Agencia Estado
Atualização:

Os Estados Unidos endureceram sua posição na guerra do aço e se negaram a pagar compensações, apesar das ameaças de retaliação da União Européia (UE). Ontem à noite, em Bruxelas, o subsecretário de Comércio norte-americano, Grant Aldonas, anunciou que os EUA não vão compensar, antes do dia 18 de junho, as perdas provocadas pelo aumento de 8% para 30% na tarifa de importação de aço que atinge diretamente as siderúrgicas européias. O funcionário advertiu ainda que se os europeus adotarem represália, os EUA abrirão processo contra a UE na Organização Mundial do Comércio (OMC), já que não "haveria justificativas" para isso. Na semana passada, em Genebra, os EUA já haviam rejeitado a criação de um comitê de arbitragem para examinar as tarifas de até 30% impostas pelo governo norte-americano à importação de aço. Na reunião do Órgão de Solução de Controvérsias da OMC, os EUA recusaram a proposta da UE e a decisão foi adiada para 3 de junho. De acordo com as regras da OMC, um país-membro tem direito de rejeitar, uma única vez, a criação de um grupo de especialistas ou panel solicitado por outro país. Ontem em Bruxelas, depois de passar por Paris e Londres, Aldonas disse ainda que, nas próximas semanas, o governo norte-americano adotará novas medidas para determinados produtos de aço europeu, básicos para a economia do EUA e que poderiam entrar isentos de impostos. A Comissão Européia rejeitava até agora essa possibilidade, mas, agora, o quadro parece estar mudando depois de iniciadas as negociações de um pacote que mistura compensações e exclusões. Mas Washington já deixou claro que não concederá compensações econômicas antes de 18 de junho, quando devem começar a ser aplicadas as sanções européias a uma ampla gama de produtos importados dos EUA. Os europeus querem compensações de 2,7 bilhões de euros, o equivalente a perdas de exportações atingidas com o aumento de tarifas determinadas pela Casa Branca. A UE já alertou que se não receber as compensações aplicará medidas de represália. Para os europeus, os EUA violaram as regras da OMC, enquanto Washington argumenta que as normas da organização permitem aplicar medidas de salvaguarda. Se não houver mudança na posição européia ou norte-americana até a próxima segunda-feira, o Órgão de Solução de Controvérsias deverá dar a sua interpretação sobre a disputa. Levando em conta a possibilidade de apelação de uma das partes, a decisão da OMC não deverá sair antes do próximo ano. Além da União Européia, Japão e China também decidiram retaliar as medidas norte-americanas, anunciadas no dia 20 de março pela Casa Branca. Os chineses decidiram aumentar de 7% para 26% as tarifas de importação para alguns produtos norte-americanos porque estariam perdendo pelo menos US$ 1,2 bilhão com as medidas protecionistas norte-americanas.

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