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EUA sinalizam "virada de posição" em favor do Brasil

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo dos Estados Unidos sinalizou ao governo brasileiro uma mudança significativa em relação ao tratamento da crise brasileira, informaram fontes de Washington à Agência Estado. Segundo as mesmas fontes, o governo norte-americano dará uma demonstração de boa vontade e garantiu uma "virada de posição" em relação, por exemplo, às declarações do secretário do Tesouro, Paul O?Neill. Esta mudança da posição dos Estados Unidos alimenta a expectativa das autoridades brasileiras de que as negociações que se iniciaram hoje em Washington com o FMI serão bem equacionadas. O momento atual exige "cautela absoluta" e a disposição inequívoca do ministro da Fazenda, Pedro Malan, e do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, de não se deixarem impressionar pela forte volatilidade do mercado doméstico. Discrepância As autoridades estão conscientes de que há uma discrepância entre a realidade do País e a que o mercado financeiro está refletindo a cada dia. Por isso, o ministro e o presidente do BC se convenceram de que não adianta, neste momento, sustentar o mercado com novas declarações. A postura que será adotada, a partir de agora, é a de cautela no teor das afirmações, porque, ao contrário do que se esperava, as entrevistas dos últimos dias serviram de combustível à ação do mercado. Novas medidas O mercado, na avaliação de fontes ouvidas pela Agência Estado, está agindo com a intenção de pressionar o governo a adotar imediatamente novas medidas. "E estas medidas não estão prontas para serem anunciadas", disse uma fonte, se referindo às negociações em andamento com o FMI. Os momentos de turbulência, como os que estão se repetindo agora foram contornados no passado recente com o aumento das taxas de juros. Esta medida, no entanto, não está sendo cogitada pelo Ministério da Fazenda e Banco Central que, inclusive, reduziu a taxa Selic na última reunião do Copom, realizada dia 17 passado. Não se pretende, às vésperas das eleições presidenciais, forçar um novo aumento dos juros e direcionar a economia para um novo período recessivo. Eleição O presidente Fernando Henrique Cardoso está acompanhado e sendo informado permanentemente dos desdobramentos da crise doméstica e das negociações com o FMI e governo norte-americano. As autoridades brasileiras consideram dois tipos de análise para alimentar o otimismo e apostar em uma solução no curto prazo para a volatilidade dos mercados, capaz de reverter a situação. O primeiro argumento considera o fato de que parte desta volatilidade é motivada pelo resultado das pesquisas eleitorais, que "o mercado interpreta como quer", na avaliação de fontes do governo. As autoridades estão confiantes de que o candidato do PMDB-PSDB, José Serra, tem chances concretas de reverter sua posição nas pesquisas de intenção de votos, confiantes de que a sociedade e os agentes econômicos mudarão sua percepção em relação ao candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes, "por suas declarações desastrosas". A aposta no governo é de que Ciro Gomes já iniciou o processo de perdas de votos. O outro argumento é a própria negociação com o Fundo. "Teremos bons resultados. É preciso ter paciência e jogo de cintura para ultrapassar estes momentos", disse a mesma fonte, lembrando o sucesso da visita ao País da vice-diretora do FMI, Anne Krueger, que teria ficado impressionada com os números sobre a economia brasileira.

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