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EUA também duvidam da inflação oficial na Argentina

Por ARIEL PALACIOS e CORRESPONDENTE
Atualização:

O índice de inflação de janeiro da Argentina, de somente 0,9% segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), provocou uma onda generalizada de desconfiança não só na Argentina, mas também no resto do mundo. O índice, sobre o qual pesam denúncias de manipulação supostamente ordenadas pelo governo argentino, foi alvo de críticas do Departamento de Estado dos EUA, em um relatório divulgado na sexta-feira O documento ressalta que, embora as estatísticas oficiais afirmem que em 2007 a inflação argentina foi de 8,5%, o índice "estimado por analistas independentes é mais alto". Segundo associações de consumidores, empresários, partidos da oposição e economistas, a inflação do ano passado oscilou entre 18% e 25%. O índice de janeiro, anunciado na sexta-feira, é significativamente inferior ao calculado por economistas independentes, empresários, associações de consumidores e os analistas dos partidos da oposição, além dos funcionários dissidentes do Indec, que recusam-se a aceitar os números oficiais da inflação. Em média, segundo eles, a inflação do primeiro mês deste ano foi de 2%. Críticas O relatório também critica as "pressões sobre o setor privado para limitar os aumentos de preços por meio de acordos de estabilização de preços, o adiamento da renegociação dos contratos dos serviços públicos depois da crise, os impostos sobre as exportações e a proibição de algumas exportações". Além disso, o relatório também critica a falta de investimentos substanciais em nova infra-estrutura e ressalta que os apagões de energia elétrica são provocados, por um lado, pelo alto crescimento da economia, mas também, devido "ao fato de que o governo manteve os preços de energia abaixo dos níveis dos mercados internacionais". No entanto, apesar das críticas, o relatório sustenta que a relação bilateral entre os EUA e a Argentina "é positiva". O relatório também indica que o país teve uma "robusta recuperação econômica", que permitiu até agora cinco anos de crescimento do PIB de 8%. O clima de desconfiança sobre os índices de inflação teve efeitos negativos na cotação dos bônus argentinos que são corrigidos de acordo com a alta de preços (42% do total da dívida pública argentina). Esses títulos, entre a quinta e sexta-feira registraram quedas de até 3,2%. Segundo o ex-Secretário de Finanças, Daniel Marx, a queda dos bônus está relacionada com o anúncio de um índice de inflação inferior ao esperado.

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