EUA têm a menor inflação em 54 anos

Crise fez índice de preços fechar em 0,1% em 2008

O Índice de Preços ao Consumidor caiu 0,7% em dezembro nos Estados Unidos. Assim, a inflação no ano de 2008 subiu apenas 0,1% - menor índice dos últimos 54 anos, segundo informou hoje o Departamento de Trabalho. Segundo o Federal Reserve (Fed, banco central americano), no mês de dezembro a produção das fábricas, minas e unidades de serviços caiu 2%. No ano, a queda foi de 1,8%. Apesar de o desemprego continuar crescendo - já chegou a 7,2% - e os valores dos investimentos terem despencado, os salários, ajustados pela inflação, subiram 0,6% em dezembro, e aumentaram 2,9% em 2008. Em dezembro, o IPC americano teve sua terceira queda mensal consecutiva, liderada pela queda de 8,3% nos preços da energia e de 0,1% nos dos alimentos. Em novembro, o IPC caiu 1,7%. Se forem excluídos os preços de alimentos e energia, os mais voláteis, o núcleo da inflação no IPC de 2008 foi de 1,8%, a menor desde 2003. Em todo o ano passado, os preços da energia caíram 21%, a maior queda desde 1958, quando começou o registro desse dado. Os preços da gasolina diminuíram 43%, a maior queda desde 1937. Os preços das roupas, dos veículos novos, das passagens de avião e do lazer também caíram no mês passado. A queda de 3,2% nos preços dos automóveis novos em 2008 foi a maior desde 1971. A possibilidade real de uma deflação prolongada, em outras circunstâncias, ampliaria a margem de ação do Fed para a manipulação da política monetária, mas com a taxa básica de juros perto de 0%, não resta muito o que fazer.Apesar de meses de quedas de preços, o comércio no varejo teve em dezembro sua pior época em quatro décadas. A cautela dos consumidores - cuja despesa equivale a mais de dois terços da atividade econômica dos EUA - levou a uma menor demanda de produtos, bens e serviços. Assim, a produção industrial caiu 1,8% no conjunto do ano. Em 2007, já havia sido verificada queda de 1,7%. Esse é o pior dado desde 2001, quando a queda foi de 3,4%. Naquele ano, os EUA passaram por uma recessão de nove meses. Segundo os economistas, o país está agora no 11º mês de recessão. A produção das fábricas, que equivale a 80% da do setor industrial, caiu 2,3%, liderada por uma queda de 7,2% na fabricação de veículos automotores e acessórios. A indústria de bens duráveis, que inclui automóveis, móveis e artigos eletrônicos, diminuiu em dezembro 4,7%. Empresas de serviços públicos tiveram queda de 0,1%, após terem subido 1% em novembro. No que se refere à produção mineira e energética, a queda foi de 1,6%, após alta de 2,2% no mês anterior. O uso da capacidade das plantas de produção caiu dos 75,2%, em novembro, para 73,6%. E foi 7,4 pontos porcentuais menor que a média verificada entre 1972 e 2007.