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EUA têm maior corte de vagas em 34 anos

Em janeiro, país perdeu 598 mil postos e desemprego foi a 7,6%

Por AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
Atualização:

O mercado de trabalho dos Estados Unidos perdeu em janeiro 598 mil vagas, segundo dados divulgados ontem pelo Departamento do Trabalho. Esse é o maior corte no mercado de trabalho americano desde dezembro de 1974. Ao receber as informações, o presidente Barack Obama disse que o resultado é "devastador". Com os cortes de janeiro, a taxa de desemprego no país saltou para 7,6% - o maior nível desde setembro de 1992. E o total de demitidos nos EUA, no acumulado de fevereiro de 2008 a janeiro de 2009, ficou em 3,5 milhões - a maior redução em 12 meses desde que os dados começaram a ser registrados em 1939. O governo também fez revisões nos números de 2008, quando 2,974 milhões de empregos foram perdidos - 385 mil acima da estimativa anterior. PRESSÃO POLÍTICA Os números aumentaram a pressão para que o Senado americano aprove o pacote de mais de US$ 900 bilhões proposto por Obama para tirar o país da recessão. "A situação não poderia ser mais séria. É indesculpável e irresponsável ficar atolado em distrações e perder tempo, enquanto milhões de americanos estão sendo postos para fora de seus empregos. É tempo de o Congresso agir", cobrou o presidente. O aumento das demissões nos EUA reforça a necessidade de um estímulo econômico, disse a Casa Branca. "Se falharmos em agir, poderemos perder milhões de empregos e a taxa de desemprego pode chegar aos dois dígitos", disse a presidente do Conselho de Assessores Econômicos, Christina Romer, em nota. "Uma política fiscal rápida e bem desenhada é necessária para parar a queda e cicatrizar a economia." Na avaliação do economista do Dresdner em Nova York, Kevin Logan, a taxa de desemprego nos Estados Unidos poderá chegar a 8,5% ainda este ano. "Claramente a recessão está ficando cada vez pior. As pessoas estão muito mais pobres do que eram há um ano. Trata-se de uma recessão profunda que irá durar por muitos meses", afirmou à Agência Estado. Para o economista, tanto a perda de vagas como o congelamento das novas contratações preocupam. "A economia vai continuar a se contrair na primeira metade do ano, o nível de emprego vai cair mais e o desemprego vai aumentar", previu. Ele espera uma contração de 3% a 4% da economia no primeiro semestre. BOLSAS O corte de 598 mil vagas em janeiro foi pior que o previsto pelo mercado, de 525 mil empregos. Isso, no entanto, não desanimou os investidores ontem. E os mercados acionários tiveram altas fortes. Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones fechou em alta de 2,70% e o Nasdaq avançou 2,94%. Na Europa, a Bolsa de Londres ganhou 1,49%, a Bolsa de Paris subiu 1,84% e Frankfurt saltou 2,97%. A explicação para o bom desempenho das bolsas é a interpretação por parte dos investidores de que o dado negativo americano pudesse acelerar a aprovação do pacote de Obama. "Talvez esse tipo de número pressione aqueles em Washington a chegar a algum tipo de acordo e passar esse plano hoje (ontem)", disse Dan Cook, estrategista do IG Markets. Além disso, há a expectativa do anúncio, na segunda-feira, de um plano de resgate do setor financeiro, pelo secretário de Tesouro, Timothy Geithner.

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