O governo americano pressiona por uma conclusão da Rodada Doha e coloca toda sua máquina diplomática em funcionamento para garantir que um acordo seja fechado nos próximos dias. O objetivo é claro: garantir que o presidente George W. Bush deixe o governo no fim do ano com ao menos um legado positivo. Acompanhe online a cobertura das negociações na OMC Entenda o que está em jogo em Genebra Altos funcionários da Casa Branca ligaram para mais de 20 países nos últimos dois dias para insistir na necessidade de um acordo e convencer os mais reticentes. Entre eles, porém, está a Índia, que resiste a assinar qualquer entendimento e alega que o acordo afetará seus trabalhadores mais pobres. O presidente Bush fez ao menos duas ligações ao primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, pedindo sua colaboração num acordo final. Mas a barganha não se limita ao comércio. Os americanos garantem que vão apoiar a Índia no dia 1º de agosto em sua reunião crucial com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Os indianos precisam de um sinal verde no acordo de salvaguardas para poder implementar seu programa nuclear e importar urânio. Segundo fontes do governo indiano, Washington garante que convencerá seus parceiros a apoiar a Índia. Mas precisa de um sinal positivo de Nova Délhi na Rodada Doha para que os demais países continuem dando apoio político aos indianos. Na delegação americana que foi enviada a Genebra para negociar um acordo comercial, Washington incluiu o vice-conselheiro da Casa Branca para Segurança Nacional, Dan Page. O americano é assessor direto de Bush e, na maioria das vezes, apenas viaja acompanhando o presidente. Desta vez, passa mais de dez dias na OMC. Se em Genebra o governo americano pressiona por um acordo, senadores em Washington já alertaram que a Casa Branca não tem mandato para negociar concessões no setor agrícola. Bush sabe, portanto, que terá dificuldades em casa para obter um sinal verde.