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Europa começa amanhã a anunciar planos contra crise

Por ANDREI NETTO
Atualização:

Mais de uma dezena de governos da Europa deve anunciar entre amanhã e quarta-feira a criação de fundos nacionais de recapitalização e de garantias do sistema financeiro, nos mesmos moldes do plano anunciado pelo Reino Unido há cinco dias. A decisão foi tomada hoje, em Paris, após três horas e 30 minutos de reunião entre os chefes de Estado e de governo do Eurogrupo, o conjunto de países com moeda única. A ação será ao mesmo tempo nacional, já que os recursos virão do orçamento de cada país, e continental, na medida em que todos os governos obedecerão a regras unificadas para intervenção no mercado. O valor total dos planos deve se aproximar dos ? 300 bilhões inicialmente previstos na idéia do fracassado fundo europeu contra a crise. Amanhã pelo menos França, Alemanha, Itália, Áustria, Portugal e Noruega devem anunciar seus planos, segundo confirmou o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso. Até quarta-feira, quando terá início a reunião de Cúpula da União Européia, em Bruxelas, a expectativa é de que "quase a totalidade dos países do bloco", segundo o presidente da França, Nicolas Sarkozy, trará a público planos semelhantes de socorro ao sistema financeiro. "A reunião de hoje foi excepcional. Até amanhã, anunciaremos medidas concretas e de implementação imediata", disse. Em demonstração de unidade - após duas semanas de divergências -, os governos de França e Alemanha realizarão encontros ministeriais amanhã à tarde e a seguir anunciarão à imprensa, no mesmo momento, em Paris e Berlim, os termos de seus planos de salvamento. Todos os planos serão baseados no modelo britânico. Segundo confirmou ao Estado o ministro das Finanças da Bélgica, Didier Reynders, os fundos serão nacionais e gerenciados por governos de cada país, mas as intervenções obedecerão a regras comuns, de forma a preservar a igualdade de competição entre os países. "Daqui até quarta-feira cada Estado decidirá os recursos que disponibilizará para a capitalização de bancos. Os recursos serão nacionais e não haverá um fundo de intervenção único", disse Reynders. Na última semana, o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, decidiu destinar, em um primeiro momento, ? 63,5 bilhões para a nacionalização de bancos e outros ? 317,7 bilhões para garantir os débitos das instituições financeiras. Nesta segunda-feira, Brown pode anunciar a tomada do controle majoritário dos dois dos maiores bancos do país, o Royal Bank os Scotland (RBS) e o Halifax Bank of Scotland (HBOS), dois estabelecimentos que enfrentam crise de liquidez. De acordo com a edição de ontem do jornal Sunday Times, a medida pode resultar na suspensão do pregão de hoje na bolsa de Londres. Baseado nas mesmas linhas gerais, o plano alemão pode ser ainda maior. Hoje, em Paris, especulava-se que o fundo nacional que deve ser criado pela chanceler Angela Merkel pode chegar a ? 100 bilhões, além de ? 200 bilhões a ? 300 bilhões para garantias de empréstimos. Em Paris, Merkel falou brevemente à imprensa, não confirmou cifras mas assegurou que a ação será coordenada com os demais países da União Européia. "É hora de pararmos com iniciativas nacionais próprias e seguir juntos para estabilizar o mercado." De sua parte, o governo norueguês deve anunciar um fundo de cerca de ? 40 bilhões para recapitalizações. Já Portugal estaria pronto a implementar um pacote para eventuais nacionalizações de até ? 20 bilhões. Dentre os planos especulados, o melhor guardado até o momento é o francês. Em Paris, até hoje à noite não havia vazado à imprensa o valor do fundo para intervenção no sistema bancário que Nicolas Sarkozy deve confirmar amanhã à tarde.

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