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Europa diz que não bancará desvalorização do dólar

Exportadores europeus temem que a queda do dólar acabe freando as exportações do bloco

Por Jamil Chade e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

As autoridades monetárias da Europa deixam claro nesta segunda-feira, 10, que não estão dispostas a bancar um dólar fraco e alertam Washington para que tome medidas para evitar uma desvalorização ainda maior da moeda americana frente ao euro. "A excessiva volatilidade (oscilação do dólar) é indesejável para o crescimento da economia diante das atuais circunstâncias", afirmou o presidente do Banco Central Europeu, Jean Claude Trichet. "Um dólar forte é de interesse da própria economia americana", disse. Veja também:  ESPECIAL: Preço do petróleo em alta Evolução do preço do dólar  Entenda a crise nos Estados Unidos    Na prática, Trichet deu um recado aos americanos. O desequilíbrio nas contas comerciais dos Estados Unidos não poderão ser resolvidas apenas com uma desvalorização do dólar, já que isso afetará outras economias. A queda do dólar frente ao euro atingiu níveis sem precedentes nos últimos dias. Exportadores europeus temem que a desvalorização do dólar acabe freando a competitividade do bloco nos mercados mundiais. "Estamos preocupados com o excessivo movimento das taxas de câmbio", afirmou Trichet, alertando que os BCs teriam de continuar "extremamente atentos" às tendências. Trichet também fez um apelo para que os países emergentes incentivem seus mercados domésticos e transformem seus superávits comerciais e fiscais em crescimento interno. Trichet apontou que esses mercados teriam "recursos preciosos" e que seriam fundamentais para "reequilibrar" a economia mundial. Emergentes O presidente do Banco Central Europeu deu essas declaração ao final da reunião entre os principais BCs do mundo e que contou com a presença do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, na Basiléia na sede do Banco de Compensações Internacionais (BIS). Ontem, o encontro foi marcado pelos novos dados da economia americana, indicando que o período de recessão nos Estados Unidos já é uma realidade entre os xerifes das finanças internacionais. Documento publicado pelo BIS alerta que alguns países emergentes já estão sofrendo com as turbulências - cenário que reverte a noção de que, desta vez, os mercados em desenvolvimento ficariam fora da crise. China e Brasil, por enquanto, estaria conseguindo evitar uma contaminação e poderiam ser a chave para os próximos meses. A China, que já ocupa um dos postos de maior exportador do mundo, conseguiu nos últimos anos acumular um superávit de mais de US$ 1 trilhão. São esses recursos que Trichet espera ver aplicado na economia local para gerar consumo e permitir que outros países tenham suas exportações incentivadas. O mesmo poderia se aplicar ao Brasil, ainda que em uma escala bem menor. Em sua avaliação, o papel dos BCs dos mercados emergentes é garantir que a inflação esteja sob controle e dar confiança ao mercado. Ele disse que os bancos centrais precisam continuar ancorando as expectativas inflacionárias e acompanhar de perto as questões relacionadas às taxas de juros para "garantir que o mercado monetário continue funcionando sem problemas". Ele aponta, porém, que o esforço de reequilíbrio e mudança do padrão de crescimento não é de responsabilidade apenas dos BCs. Trichet voltou a alertar para os riscos de que, em uma etapa de recessão, economias decidam tomar medidas protecionistas para evitar que as empresas locais tenham de concorrer com produtos estrangeiros. "O protecionismo tem um impacto negativo para a prosperidade", alertou, insinuando que os americanos não devem usar o momento para elevar taxas de importação.

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