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Europa e Ásia buscam alívio contra alta do petróleo

Foto do author Cynthia Decloedt
Por Cynthia Decloedt (Broadcast)
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A consistente alta do petróleo está ganhando amplitude e provocando efeitos que vão além de mudanças relacionadas à política monetária. Governos em várias partes do mundo já adotaram ou estudam medidas para compensar a elevação dos preços domésticos da energia. Em países da Ásia e da Europa crescem os protestos dos consumidores e das indústrias contra a escalada dos combustíveis. Na Indonésia, a polícia foi obrigada hoje a conter manifestações, lideradas por estudantes, em várias partes do país, que resultaram na interrupção do tráfego, seqüestro de um caminhão de querosene, pedradas e prisões. Os protestos ocorreram depois de o governo indonésio ter elevado, no sábado, em 28,7% o preço médio dos combustíveis. Em Londres, centenas de caminhoneiros ameaçaram hoje congestionar o centro da capital britânica. Na Espanha, os motoristas de táxi juntaram-se aos pescadores para pedir ao governo que subsidie os custos da alta dos combustíveis e ameaçam greve. Na França, os pescadores bloquearam os portos por mais de uma semana em protesto. Na indústria, companhias do setor aéreo e automotivo também vêm anunciando há mais de uma semana mudanças em suas operações ou repasse aos consumidores da elevação dos custos dos combustíveis. Hoje, 102 companhias de energia elétrica da Alemanha anunciaram elevação dos preços de gás natural em até 17%, segundo os jornais do país. Impostos O presidente da França, Nicolas Sarkozy, lançou nesta manhã um debate sobre o Imposto sobre o Valor Agregado (VAT) dos combustíveis. Sarkozy disse que vai pedir aos parceiros da União Européia (UE) para conter o VAT sobre combustível, para contrabalançar aumentos adicionais nos preços do petróleo. O VAT sobre combustíveis tem de ser de pelo menos 15% em todos os países da UE, com poucas exceções, e qualquer mudança na norma exige o acordo unânime dos 27 membros do bloco. O governo do Reino Unido tem insistido que não tem planos para mudar seus impostos sobre combustíveis. Mas os especialistas questionam por quanto tempo o país sustentará esta postura. Além dos caminhoneiros, os legisladores do Partido Trabalhista, do governo, assinaram uma moção pedindo revisão da política do Tesouro em relação aos impostos sobre combustíveis. Na Itália, o ministro da Indústria, Claudio Scajola, recém-empossado, prometeu na semana passada reduzir os impostos sobre os combustíveis. Preços A movimentação global em torno dos efeitos adversos da alta dos combustíveis reflete a galopante aceleração dos preços do petróleo. O petróleo de referência nos EUA, West Texas International (WTI), atingiu o recorde de US$ 135,09 o barril na quinta-feira passada, apenas cerca de 15 dias após registrar a marca inédita dos US$ 120 o barril. Em 2008, o WTI acumula valorização de 41%; em doze meses, os ganhos estão em 86%. Ásia O Ministério de Energia da Tailândia propôs, nesta madrugada, medidas para reduzir o consumo de energia, entre as quais está um orçamento de US$ 1,1 bilhão a ser investido em infra-estrutura a fim de facilitar o consumo de gás natural nos veículos e nas residências. O ministério também sugeriu corte nos impostos de importação de equipamentos de estrutura de gás natural e peças de veículos que possam utilizar o gás natural como combustível. A Malásia vai proibir a aquisição de gasolina por estrangeiros nas fronteiras do país, onde o combustível é altamente subsidiado. O governo pretende também adotar outras medidas para reduzir o subsídio, que vai lhe custar este ano cerca de US$ 14 bilhões, por conta da alta do petróleo. A Índia, por sua vez, trabalha em um projeto para elevar os preços no varejo dos combustíveis, mas ao mesmo tempo reduzir os impostos de importação que incidem sobre eles. O ministro do Petróleo da Índia, Murli Deora, vai reunir-se com o ministro das Finanças, P. Chidambaram, para discutir as medidas para amenizar as perdas que as distribuidoras de combustíveis estatais, que são obrigadas a vender combustíveis com desconto. Taiwan anunciou hoje que vai elevar os preços dos produtos derivados de petróleo no mercado doméstico, mas que o aumento cobrirá apenas 60% da defasagem do custo dos combustíveis. O restante será absorvido pelo próprio governo. Será a primeira elevação dos preços da gasolina e do diesel em seis meses. O governo afirmou também que poderá abolir as tarifas para a importação de derivados do petróleo, mas não anunciou em quanto tempo.

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