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Europa prepara resposta para crise financeira nos EUA

BC francês defende plano de ação conjunta em caso de agravamento da restrição de crédito na UE

Por Andrei Netto e correspondente de O Estado de S. Paulo
Atualização:

O debate internacional sobre elaboração de um plano de resgate para o sistema financeiro da Europa, a exemplo do Plano Paulson, nos Estados Unidos, continua provocando polêmica 24 horas antes da reunião de chefes de Estado e de governo, prevista para a tarde deste sábado, em Paris. Pela manhã de hoje, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), o francês Jean-Claude Trichet, voltou a defender "uma resposta européia" para a crise, que já levou governos de nove países a intervir no sistema bancário.   Trichet estima que cúpula de Paris precisa resultar em um plano de ação conjunta em caso de agravamento dos problemas de liquidez que afetam bancos na Europa. "É preciso fazer de tudo para preservar a unidade dos europeus", afirmou, em entrevista à rádio Europe 1. "Eu pedi aos governos que sejam o mais reativos possível, já que nós podemos ir mais longe."   No meio da semana, uma polêmica eclodiu entre os governos da Holanda, da Bélgica e da França, de um lado, e de Alemanha, de outro. Holandeses, belgas e franceses seriam supostamente mais receptivos à idéia de um fundo de resgate aos bancos - estimado em € 300 bilhões -, cujos recursos teriam origem em uma fatia de 3% do produto interno bruto (PIB) de cada país da União Européia. A idéia de uma ação coordenada chegou a defendida na Comissão Européia, em Bruxelas. No entanto, após a negativa enfática do ministro da Economia alemão, Peer Steinbrück, o projeto parecia ter perdido aqueles que o defendiam em voz audível até que, hoje, Trichet trouxe a proposta novamente à tona.   Até o momento, as medidas contra a crise têm sido tomadas em separado pelos governos implicados. Reino Unido, Alemanha, Bruxelas, Holanda, Luxemburgo, França e Islândia anunciaram nos últimos sete dias a nacionalização de bancos. Outros dois governos, de Irlanda e Dinamarca, agiram garantindo depósitos e créditos e intermediando fusões e vendas de instituições. Diante da onda de intervenções, Didier Reynders, ministro de Finanças da Bélgica - país que, forçado pela crise de confiança, estatizou dois bancos, Fortis e Dexia, em dois dias - ironizou os que se recusam a agir de forma coordenada. "É interessante ver que, se levantamos apenas uma hipótese de um fundo europeu, os desmentidos tombam no minuto seguinte."   A cúpula extraordinária de Paris reunirá neste sábado, a partir das 16h30min (horário local, 11h30min de Brasília), chefes de Estado e de governo da França, do Reino Unido, da Alemanha e da Itália (os membros europeus do G7), além de representantes do Eurogrupo, que reúne ministros de Economia e Finanças do bloco. São esperados ainda autoridades monetárias de diversos países - entre os quais o presidente do BCE -, e o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso.

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