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Europa também teme estouro de bolha imobiliária

Reino Unido, Irlanda e Espanha tiveram boom no setor nos últimos anos

Por Agencia Estado
Atualização:

Os problemas no setor de crédito imobiliário subprime (de maior risco de inadimplência) dos Estados Unidos poderiam se repetir na Europa? Esse temor vem sendo alvo de um crescente debate em países como Reino Unido, Irlanda e Espanha, que registraram nos últimos anos um boom nos preços dos imóveis, estimulando financiamentos hipotecários de maior risco. O principal foco de preocupação está no Reino Unido. Na última década, os preços dos imóveis residenciais em algumas regiões do país, como na grande Londres, subiram cerca de 300%. Pesadamente endividados, muitos britânicos acompanham com preocupação o aperto monetário que vem sendo conduzido pelo Banco da Inglaterra, cuja taxa de juros está hoje em 5,25% ao ano. Aperto que, aliás, deve continuar. A inflação ao consumidor de fevereiro, divulgada na terça-feira, 20, registrou graúdos 2,8% em termos anualizados, bem acima da meta, de 2%. Os mercados de taxas de juros e de ações do Reino Unido se ancoram, em grande parte, aos dos Estados Unidos. Além disso, a economia americana tem influência importante sobre o ciclo de atividade britânico. "Diante dessas ligações, é mais do que natural que o derretimento do mercado de hipotecas subprime nos Estados Unidos tenha gerado temores de colapso similar no Reino Unido e em outras partes da Europa", disse Dominic White, economista do banco ABN Amro. Mas há importantes diferenças entre o mercado de hipotecas americano e o europeu. Os créditos subprime nos EUA abocanham uma fatia muito maior do total do financiamento imobiliário, cerca de 15%, ante 6% calculados para o Reino Unido, por exemplo. Além disso, o sistema de financiamento de hipotecas das duas regiões são diferentes. Nos EUA, um corretor gera um financiamento e o vende para um banco, que remodela o produto e o revende no mercado de capitais. Como os corretores não arcam com nenhum risco, tendem a conceder créditos a indivíduos com maior chance de calote. Em contraste, a dívida das hipotecas na Europa é contabilizada nos balanços dos bancos, forçando os credores a avaliar com mais cautela os clientes. White observa que, embora esses fatores sinalizem que há menos motivos para se preocupar com o mercado hipotecário europeu no curto prazo, eles podem estar apenas atrasando um ajuste. "Reino Unido, Espanha e Irlanda viram aumentos nos preços dos imóveis muito maiores ao longo da última década do que nos EUA", disse. Segundo ele, a capacidade de compra de imóveis parece muito mais limitada na Europa, tornando mais provável uma queda generalizada dos preços.

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