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Europeus estão divididos sobre a tendência dos juros no Brasil

Por Agencia Estado
Atualização:

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil sobre os juros nesta semana está dividindo os analistas europeus. Alguns acreditam que a taxa Selic de 21% ao ano será elevada para conter o crescimento das expectativas inflacionárias de 2003, evitando assim o que eles consideram um arranhão na credibilidade da política monetária. Outros apostam na manutenção dos juros, pois entendem que o juro já está muito elevado e a recuperação do câmbio poderá ser retomada após os leilões de troca dos títulos cambiais desta semana. O economista-chefe para mercados emergentes do banco ING Barings, Philip Poole, prevê que o Copom irá manter inalterado os juros. "Já tivemos uma alta significativa no mês passado e, desde então, o real apresentou uma boa recuperação", disse. "Não vemos uma forte justificativa para um aumento dos juros nesse momento e faltam menos de 45 dias para a posse da futura administração." Segundo ele, caso o futuro governo "faça as indicações certas para a equipe econômica e continue emitindo os sinais corretos o real poderá apresentar algum avanço, diminuindo a pressão sobre os preços". Poole observou que as preocupações com o País se concentram mais no médio prazo, a partir do próximo ano. "O governo de Luiz Inácio Lula da Silva terá que agir com decisão para enfrentar uma série de desafios, como a implementação de reformas, o contínuo combate à inflação e, na minha opinião, o fator-chave para a sua credibilidade: a pressão do funcionalismo público por aumentos salariais." Já o chefe de pesquisa do banco de investimentos Dresdner Kleinwort Wasserstein, Neil Dougall, acredita que o Copom poderá anunciar um aumento de 1 ponto percentual. "As expectativas inflacionárias para 2003 estão muito acima das metas", disse. "Nesse clima de incerteza, acreditamos que BC deverá enviar neste momento uma mensagem clara a fim de conter um aumento ainda maior dessas expectativas tranqüilizando o mercado." O analista-chefe do fundo de investimentos Ashmore Investment Management, Jerome Booth, aposta na manutenção dos juros em 21% ao ano. "O aumento dos juros em outubro foi provocado pelos aumentos dos preços desde então, apesar das expectativas inflacionárias terem piorado, o câmbio apresentou uma recuperação e poderá melhorar ainda mais", disse. "Eu não vejo necessidade de aumento nesse momento, a economia já está desaquecida". Segundo ele, o comportamento dos ativos do País nesse momento está sendo "determinado tecnicamente pela dinâmica do mercado, como a realização de lucros, e não por fatores ou indicadores da conjuntura brasileira, como a expectativa inflacionária". Booth disse, que passada a troca dos títulos cambiais desta semana, o real poderá apresentar uma tendência de recuperação. Mas para o diretor de um banco espanhol com forte presença no Brasil, o aumento da Selic "será inevitável". "O BC não vai abandonar a sua coerência no final do governo, a inflação está em alta e a receita será ortodoxa e óbvia, ou seja aumento de juros". Segundo ele, o Copom deverá elevar a Selic em 1 ponto percentual.

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