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Europeus protestam contra o aço chinês

Empresários e trabalhadores do setor siderúrgico fazem pressão para evitar que a Europa conceda à China o status de economia de mercado

Por BRUXELAS
Atualização:

Representantes da indústria de aço da Europa querem tomar as ruas de Bruxelas hoje, na tentativa de pressionar autoridades europeias a não conceder o status de economia de mercado à China. A medida tornaria mais difícil para empresas europeias se protegerem contra as exportações mais baratas do gigante asiático.

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O protesto, que deve reunir cerca de 5 mil trabalhadores e empresários, segundo estimativas dos organizadores, acontece após governos europeus advertirem que o setor sofre um risco significativo de colapso.

Ele também deve alimentar o debate sobre as denúncias de que a China tenta aumentar sua participação ao vender o produto abaixo dos preços de mercado, justamente em um momento em que o mundo passa por um período de excesso de oferta de aço.

Pressão. Siderúrgicas chinesas são acusadas de vender aço com preço abaixo do de mercado Foto: Reuters

Caso a União Europeia conceda o status de economia de mercado à China, fica mais difícil impor tarifas sobre os produtos chineses. O governo chinês, no entanto, afirma que um acordo de 2001 permitindo que ela se juntasse à Organização Mundial do Comércio (UE) significa que ela deve receber o status de economia de mercado em dezembro de 2016.

Industriais europeus afirmam que o governo chinês dá subsídios para impulsionar suas exportações e minar a competição no exterior.

Para os empresários europeus, a economia chinesa ainda é controlada pelo Estado e a União Europeia deve levar isso em consideração na hora de conceder o status.

Selo. “Se a China obtiver o selo de economia de mercado, isto minaria a efetividade dos instrumentos de defesa do comércio da União Europeia”, disse Axel Eggert, diretor-geral da associação do Aço europeu, a Eurofer.

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A indústria de aço europeia demitiu milhares de trabalhadores nos últimos meses, reflexo do excesso de capacidade no continente.

Nos últimos dois anos, o segmento assistiu às importações de aço chinesas dobrarem de tamanho dentro da região, o mesmo tempo em que os pedidos feitos à companhias europeias voltaram a níveis anteriores ao da crise financeira de 2008.

“Na Europa, temos uma enorme crise de importação em massa causada pelos chineses. Este é o porque a União Europeia deve utilizar seus instrumentos de proteção ao comércio contra o dumping da China da forma mais rápida possível”, diz Hans Jürgen Kerkhoff, presidente da associação alemã do aço.

O dirigente espera levar 1,5 mil trabalhadores para participar da manifestação marcada para hoje.

Atualmente, a União Europeia tem 37 medidas de defesa ao comércio contra a importação de produtos de aço. Deste total, 16 medidas envolvem diretamente a China./ DOW JONES NEWSWIRES

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