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Ex-embaixador defende mudanças para destravar Mercosul

Por Agencia Estado
Atualização:

O ex-embaixador Rubens Barbosa, responsável pela Embaixada brasileira em Washington até março e agora atuando na iniciativa privada, defendeu hoje mudanças urgentes no Tratado de Assunção (base comercial do Mercosul). Caso contrário, segundo ele, Brasil, Argentina Paraguai e Uruguai continuarão patinando numa união aduaneira imperfeita, já que o bloco mal conseguiu sair da fase de área de livre comércio. O diplomata insistiu em que o Tratado de Assunção não é inviolável, razão pela qual deve ser modificado. Barbosa foi além e ainda fez mais uma sugestão, considerada, por ele, outro elemento-modelo da União Européia e que precisa ser discutido seriamente pelo Mercosul. Trata-se, segundo ele, do sistema de votação europeu, que é ponderado e não por consenso. "(Os votos dos países) não podem ter o mesmo peso. Voto por consenso atrasa e cria problemas", explicou Barbosa, que, durante as primeiras discussões para a criação do Mercosul foi um dos principais negociadores do País. Para ele, esse é um problema sério, espinhoso e delicado que precisa ser resolvido em algum momento. "O governo brasileiro vai ter de enfrentar (esse desafio)." Alca x União Européia O ex-embaixador disse que as negociações do Mercosul com a União Européia e as do âmbito da Alca são difíceis e complexas nas duas frentes. Segundo ele, é curioso ver o debate na imprensa que uma ou outra pode ser melhor para o Brasil e para o bloco do Cone sul. "As negociações com a União Européia são menos politizadas, mas as complexidades são as mesmas, tanto no aspecto de acesso aos mercados quanto no assunto subsídios agrícolas, picos tarifários e quotas", lembrou. Para ele, os problemas nas duas frentes de negociação são os mesmos, já que a Europa e os EUA se negam a discutir a redução de ajuda interna aos seu agricultores visando a sua total eliminação. "Até os ingredientes políticos são similares", acrescentou o embaixador, ao se referir às eleições presidenciais deste ano nos EUA e à escolha de novos comissários (espécie de ministros) na Europa, que vão assumir em outubro deste ano. Ele se mostrou cético em relação à conclusão das negociações entre o Mercosul e a União Européia ainda este ano. "Será uma grata surpresa se ocorrer isso."

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