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Ex-funcionário do UBS é acusado fraudar fisco dos EUA

Por JAMIL CHADE
Atualização:

O tradicional segredo bancário suíço sofre um verdadeiro terremoto. Hoje, na Flórida, um banqueiro que trabalhou para o gigante suíço UBS, Bradley Birkenfeld, confessou que ajudou seus clientes a fraudar o fisco norte-americano. O crime chegaria a US$ 200 milhões. O UBS, que amplia suas atividades no Brasil na gestão de fortunas e também é alvo de investigação, pode ser o pivô de uma crise de credibilidade do sistema financeiro suíço como caixa-forte de milionários de todo o mundo. Com a notícia, todo o sistema financeiro suíço prendeu a respiração, esperando a audiência do banqueiro. Ao se dizer culpado, Birkenfeld tenta obter uma redução de sua pena, colaborando com as investigações. O abalo é tão grande que analistas na Suíça já alertam que o impacto da confissão pode ser maior que a própria crise financeira para os bancos suíços. O jornal suíço Tribune de Genève revelou que o UBS já admite enviar uma lista de 20 mil clientes americanos à Justiça dos Estados Unidos, como forma de demonstrar que está disposta a cooperar e evitar uma condenação. Nas últimas semanas, o banco aconselhou seus funcionários a evitarem viajar para os Estados Unidos, temendo serem presos e obrigados a confessar quem são seus clientes. Birkenfeld foi detido em maio e teve de comparecer a uma audiência hoje. Americanos e suíços tem um acordo desde 2001 para evitar a evasão fiscal. Mas a alegação agora é de que o UBS teria ajudado a seus clientes a fraudarem o fisco e contornar o acordo para não perder seus clientes. Birkenfeld confirmou que fez várias viagens para os Estados Unidos entre 2001 e 2006 para ajudar seus clientes, entre eles um magnata do setor imobiliário e que teria evadido US$ 7,2 milhões. A investigação americana pode atingir um setor que representa US$ 20 bilhões. Para o UBS, a notícia não poderia ser pior. O banco foi o que registrou a maior perda no mundo com a crise das hipotecas de segunda linha (subprime) nos Estados Unidos, US$ 37,4 bilhões. Perdendo clientes, o UBS agora terá de contornar a situação para também não perder a posição de maior gestor de fortunas do planeta. Brasil No Brasil, tanto o UBS como o Credit Suisse já foram alvos de investigações. No caso do UBS, o banco preferiu culpar seus funcionários e afirmar que não sabia das operações ilegais.

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