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Ex-operador volta a acusar o banco Santander

Por Agencia Estado
Atualização:

Um boletim de ocorrência, registrado com o número 374/2001, em 13 de dezembro na Delegacia de Roubo a Bancos do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), em São Paulo, é apontado pelo ex-operador do banco Santander, Marcos Aylon Leão Luz, como um dos indícios de que sua prisão faz parte de uma operação arquitetada pelo banco para intimidá-lo. Aylon e os ex-operadores Roberto Cantoni Rosa e Lincoln Dias Miranda foram presos, dia 20 de fevereiro, acusados de realizarem operações fraudulentas que teriam dado um desfalque de US$ 1,9 milhão no banco. Miranda foi libertado na quinta-feira por ordem judicial. Aylon e Cantoni disseram no depoimento à polícia que começaram a ser perseguidos pelas chefia no Santander, depois que se recusaram a maquiar resultados de operações que visavam a diminuir o lucro do banco. O boletim de ocorrência faria parte destas perseguições. O boletim de ocorrência foi registrado pelo operador de rádio Valmir Basílio de Moura, empregado de uma empresa que presta serviços de segurança para o Santander. Basílio contou que, na noite de 13 de dezembro, enquanto trabalhava no prédio do banco, recebeu um telefonema anônimo dizendo que Aylon estaria "enriquecendo ilicitamente com o dinheiro do banco". Basílio teria comunicado o telefonema ao setor de ocorrências do Grupo Santander e, no dia seguinte, registrado o boletim na Delegacia de Roubo a Bancos. Aylon chegou a ser intimado para depor, mas antes disso foi aberto o inquérito policial, que resultaria em sua prisão dois meses depois. O advogado de Aylon, Fernando Castelo Branco, afirma que o boletim de ocorrência teve um objetivo "inibitório claro". No depoimento à polícia, Aylon disse que as perseguições contra ele e Cantoni haviam começado exatamente no início de dezembro, depois que brigaram com Benedito César Luciano, chefe deles na mesa de operações do banco. Segundo a versão dos ex-operadores, eles se recusaram a continuar maquiando os resultados das operações e haviam sido comunicados que seriam rebaixados de função. "O confronto entre eles e o chefe foi pesado. Os dois dizem que chegaram a ameaçar o chefe, dizendo que denunciariam ´algumas coisas´ que ocorriam na mesa de operações do banco, caso fossem rebaixados de cargo", disse Castelo Branco. Quase dois meses depois, os dois seriam presos. Só então descobriram que havia o inquérito policial contra eles, aberto a pedido do próprio banco, e também iniciado em dezembro. Mas o boletim de ocorrência não havia sido anexado ao inquérito. No dia em que depôs, Aylon citou o boletim e seu advogado pediu que ele fosse anexado ao inquérito. O banco afirmou, por intermédio da assessoria de imprensa, que não irá mais se pronunciar sobre o caso. "A diretoria do banco avalia que sua parte já foi feita, encaminhando as denúncias, e que agora trata-se de um caso de polícia. O banco aguarda agora o final do inquérito policial", afirmou a assessoria.

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