Publicidade

Ex-secretário de Guedes diz que saída é 'infeliz coincidência' com troca na Petrobrás

Amaro Gomes, da secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais, diz que sua saída do cargo estava acertada desde janeiro

Foto do author Adriana Fernandes
Por Adriana Fernandes
Atualização:

BRASÍLIA - Funcionário de carreira do Banco Central, o ex-secretário de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) do Ministério da Economia, Amaro Gomes, nega que pediu para deixar o cargo por causa de insatisfação com o governo Jair Bolsonaro depois do anúncio da troca de comando da Petrobrás

PUBLICIDADE

Em entrevista ao Estadão, Amaro, de 57 anos, diz que acertou sua saída do cargo com o secretário especial de Desestatização, Diogo Mac Cord, em janeiro, e que, desde então, trabalha na sua transição. Ele está no cargo desde janeiro de 2020. 

O senhor pediu para deixar o cargo em razão de uma insatisfação com a política de governança das estatais?

Não, em absoluto. Eu negociei minha saída com o secretário Diogo em janeiro. Não é algo intempestivo e decidido agora. Nós já vínhamos nos preparando desde janeiro para a minha saída. Vai ter continuidade. Minha saída não tem nada a ver com nenhum evento associado a alguma empresas especificamente. É infeliz coincidência, mas não tem absolutamente nada a ver. Tenho excelente relacionamento no Ministério da Economia.

Oex-secretário de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do Ministério da Economia, Amaro Gomes. Foto: Hoana Gonçalves/Ascom ME

Mas o sr. está saindo no momento em que a governança das estatais está passando por teste?

A minha saída aparentemente parece relacionada a esses eventos e não tem nada a ver.

Tem alguma insatisfação com a equipe do ministro Paulo Guedes?

Publicidade

Não, de maneira nenhuma. Tenho perfeita interação e trabalho muito bem com todos eles.

O sr. vai para onde?

Para iniciativa privada, mas ainda não posso falar.

Como o sr. vê a governança das estatais?

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Nós avançamos tremendamente no quesito governança ao longo do ano de 2020 e aprimoramos a transparência das estatais. A Lei das Estatais está em pleno vigor e começando a surtir os seus efeitos. Adotamos um novo estatuto modelo para as estatais, incorporando as melhores práticas e recomendações internacionais, a exemplo da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Também concluímos a revisão da governança das estatais efetuada pela OCDE, cujo relatório oficial será apresentado nesta terça-feira num evento realizado pela Sest. Esse relatório indica as recomendações de curto, médio e longo prazos para o aprimoramento da gestão da governança das estatais. Fizemos bastante e vejo um ano de muitas realizações, apesar das limitações da pandemia da covid-19.

Há um enfraquecimento da governança das estatais?

Não. Eu vejo um fortalecimento de maneira geral a partir da Lei das Estatais e a maturidade em relação à aplicação da lei demandará da Sest, como tem demandado, um esforço para que as recomendações internacionais sejam implementadas.

Publicidade

O episódio em relação à Petrobrás trouxe incertezas em relação à governança?

Prefiro não comentar visto que não sou mais secretário.

A governança é um processo que está sempre em teste?

A governança é um processo de evolução natural, principalmente quando se trata de empresas estatais que são de capital aberto e que se submetem à regra da Comissão de Valores Mobiliários e também a requerimentos legais regras aplicáveis às empresas sob controle do Estado.

A repercussão da divulgação do relatório de benefícios aos empregados das estatais está relacionada à sua saída?

Não, de forma alguma. O relatório surtiu um efeito muito positivo em termos de transparência.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.