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Credit Suisse muda comando e reforça expectativa de venda de operação local

Após quase dez anos à frente da operação brasileira, executivo José Olympio Pereira vai deixar o cargo no fim de 2021; mercado especula possível repasse de negócios brasileiros no Brasil à XP, mas o banco suíço nega 

Foto do author Cynthia Decloedt
Foto do author Fernando Scheller
Por Cynthia Decloedt (Broadcast) e Fernando Scheller
Atualização:

O executivo José Olympio Pereira está de saída do banco de investimento Credit Suisse no Brasil. Ele está na instituição há 17 anos, sendo quase dez como presidente da operação nacional. A informação da mudança de comando foi confirmada nesta quarta-feira, 26, pelo banco suíço. O movimento reforça a expectativa de que o Credit Suisse poderia se desfazer da operação local para compensar prejuízos bilionários de sua matriz. 

No entanto, fontes disseram que a decisão seria pessoal e teria sido comunicada ao banco há algum tempo, no início do ano, e não estaria relacionada a rumores de venda da operação brasileira do banco de investimentos a um concorrente, como a XP. A corretora, conhecida por sua agressividade no mercado, teria sinalizado a intenção de ficar com a operação brasileira, caso ela seja realmente colocada à venda.

Com a saída do executivo, banco de investimentos ainda não definiu sucessor. Foto: Ivo Transferetti/Fundação Bienal de São Paulo

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O fundador da XP, Guilherme Benchimol, não negou interesse, em conversa recente com jornalistas – apenas não quis comentar o assunto. A XP tem em seu time nomes fortes do mercado financeiro, como José Berenguer (ex-JP Morgan), atualmente à frente do banco de investimento na instituição.

No último fim de semana, o presidente global da instituição suíça, Thomas Gottstein, esteve no Brasil e, em palestra a funcionários, negou a venda. O vídeo da conversa deve ser postado no Instagram do banco nos próximos dias.

Uma das “provas” desse comprometimento com o País seria a recente negociação com o Modalmais, fechada no ano passado. O banco Credit Suisse firmou acordo para ficar com 35% das ações preferenciais do Modalmais, que continuará a ser controlado por seu fundador, Diniz Ferreira Baptista. O valor do acordo não foi revelado pelos bancos.

“Esta transação nos possibilitará melhorar a maneira como servimos nossos clientes digitalmente, enquanto ganhamos acesso a segmentos adicionais de clientes em um ambiente com altas taxas de crescimento”, disse Philipp Wehle, CEO da divisão de International Wealth Management do Credit Suisse, na época. 

Trajetória

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Em 36 anos de carreira no mercado financeiro, José Olympio trabalhou 33 anos em instituições que hoje formam o Credit Suisse no Brasil, segundo nota do banco. O comunicado afirma que ele iniciou sua carreira no Banco de Investimentos Garantia, em 1985, e presidiu a subsidiária brasileira do banco Donaldson, Lufkin & Jenrette (DLJ), entre 1998 e 2001.

Em 2004, atuou como líder na área de banco de investimento e conduziu o Credit Suisse no Brasil à liderança do mercado brasileiro nesse segmento. Em 2012, assumiu o cargo de CEO do banco no País. “O Brasil é estratégico para o Credit Suisse e o banco está comprometido em continuar investindo neste mercado prioritário”, diz o Credit, na mesma nota.

José Olympio deve permanecer à frente da instituição até o fim do ano e vai auxiliar na busca de seu sucessor. Nesta tarefa, será auxiliado por Ilan Goldfajn, presidente do conselho. 

Tempos difíceis

Nas últimas semanas, o Credit Suisse foi afetado por trocas de comandos em várias partes do mundo – pelo menos dez diretores da operação americana comunicaram o desejo de sair de seus cargos na instituição suíça. 

Essa debandada está relacionada às perdas de US$ 5,5 bilhões, relacionadas às posições na Archegos Capital Management. A avaliação do mercado é de que o Credit demorou para perceber o mau negócio. Por conta dessas perdas e dos problemas de reputação associados a elas, o banco desligou diversos executivos. 

 O Credit Suisse nega que a operação no País esteja à venda.

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