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Executivos da YPF foram ‘gentilmente’ convidados a sair do edifício

Enquanto a presidente Kirchner anunciava a nacionalização da petroleira, funcionários tiveram 15 minutos para abandonar o prédio

Por Ariel Palácios e correspondente de O Estado de S.Paulo
Atualização:

BUENOS AIRES - Duas dezenas de executivos da Repsol - entre argentinos e espanhóis - foram removidos de forma taxativa, embora polida, na segunda-feira no início da tarde do edifício da Repsol-YPF. Na mesma hora em que os diretores eram obrigados a deixar as instalações da empresa, a presidente Cristina Kirchner anunciava em rede nacional de TV a expropriação da companhia petrolífera.

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Os funcionários da YPF tiveram apenas 15 minutos para deixar tudo e abandonar o edifício. "Acho que até para sair de Pompeia houve mais tempo do que este", ironizou ao Estado um dos removidos do 32º andar, onde concentravam-se os diretores da empresa e seus assessores. O andar ficou praticamente vazio depois da intervenção ordenada por Cristina Kirchner. "Fomos 'gentilmente' convidados a aceitar nosso despejo", ressaltou com sarcasmo.

O despejo foi comandado por Rodrigo Baratta, representante do governo argentino no Conselho de Administração da YPF, que conhecia pessoalmente todos os executivos expulsos. Baratta entrou na YPF acompanhado por um time de 15 pessoas que olhavam para os executivos de forma intimidante.

"Não houve violência, pois todos acatamos as ordens. A retirada das pessoas foi formal, embora taxativa", explicou em off uma fonte da empresa. "Conseguimos sair com alguns objetos pessoais. Mas, não pudemos fechar os e-mails dos computadores nem levar conosco nossas laptops".

Os funcionários - entre os quais CEOs, gerentes e até as secretárias - não puderam levar consigo pastas ou agendas. Depois de sair, os funcionários expulsos não sabiam como proceder em relação aos celulares e automóveis que pertencem à YPF que eles usam. "Não sabemos se temos que entregar isto aos argentinos ou aos espanhóis", comentou a fonte.

Na sequência, todos os integrantes da segurança privada da YPF foram substituídos por homens de confiança do governo. Além disso, o servidor de e-mail e internet foram bloqueados, de forma a impedir o acesso dos funcionários removidos a suas contas pessoais.

Após a saída dos executivos, os integrantes da diretoria interventora subiram ao 32º andar e ali, sentados à mesa que havia pertencido até uma hora antes ao catalão Antonio Brufau, presidente da Repsol, pediram o almoço que originalmente estava preparado para os executivos que haviam sido despejados. Os garçons não titubearam em obedecer as ordens dos novos chefes, que fizeram sua primeira refeição no salão de luxo da empresa.

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