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Executivos trocam MBA no exterior por curso no País

Argumentos são não se afastar da empresa e evitar gasto em dólares

Por Ana Paula Lacerda
Atualização:

Ao escolher um programa de MBA, o diretor de compras da Cisco do Brasil, Edson de Vitto, tinha de equilibrar uma equação complicada. Experiência internacional e um curso forte eram necessários, mas, ao mesmo tempo, em um momento instável, ele não poderia se afastar da empresa (e não queria se afastar da família). "Optei por um curso no Brasil. O que eu não podia era abandonar os planos de aprimorar minha formação, com crise ou sem ela." Ele escolheu o curso de MBA executivo da Universidade de Pittsburgh, entidade americana que tem aulas também em São Paulo e em Praga, na República Checa. "Os mesmos professoras viajam entre os países para dar aulas", explica o diretor da universidade no Brasil, Fabio Yamada. "O curso dura 15 meses, mas os alunos passam duas semanas nas outras unidades. Ou seja, têm a experiência internacional, sem ficar muito tempo longe do trabalho." Segundo Yamada, a turbulência global deve fazer com que muitos executivos mudem seus planos de estudar no exterior para buscar cursos no Brasil. "Notamos um aumento na procura pelo curso, e estimamos que passe de 25%", diz. O diretor de clientes da Fundação Dom Cabral, Antonio Batista, afirma que já houve uma procura maior nos últimos meses pelos programas fechados, aqueles feitos sob medida para algumas empresas. "Acredito que vá haver uma maior procura pelos cursos nacionais, pagos em reais", afirma Batista. "As escolas americanas estão vendo quedas em suas matrículas, enquanto no Brasil vemos um crescimento constante." Um estudo da Universidade de Maryland, nos EUA, mostra que, nos países ricos, a relação entre matrículas em escolas de negócio e situação econômica é direta: quanto melhor a economia, mais executivos estudando. Nos momentos de crise, as matrículas caem: os estrangeiros ficam em seus países e os americanos adiam planos. "Acredito que todas as empresas devem se preocupar com a crise, mas não deve haver queda por aqui", diz Batista. "Temos crescido de 10% a 20% ao ano. Os executivos vão continuar estudando, mas em cursos mais práticos, em vez de formações teóricas." O diretor de estudos executivos do Coppead, Vicente Ferreira, concorda. "MBA está se tornando um pré-requisito, como o inglês foi há 15 anos." Segundo ele, na impossibilidade de bancarem um curso fora, ou de se afastarem de suas empresas por muito tempo, os executivos vão investir nas escolas de primeira linha do Brasil. "Lidamos com altos executivos. Para a crise afetar a verba de formação dessas pessoas, terá de ser muito longa."

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