
26 de abril de 2017 | 20h27
BRASÍLIA - Obstinado pela aprovação das reformas trabalhista e previdenciária no Congresso, o presidente Michel Temer já havia decidido, e coube ao ministro Antonio Imbassahy anunciar, que iria exonerar os ministros com mandatos para garantir votos favoráveis do governo. Nesta terça-feira, entretanto, ao exonerar apenas ministros ligados ao Estado de Pernambuco, a intenção do governo, além de garantir mais votos, foi mostrar uma reação à decisão da Executiva Nacional do PSB, que fechou questão contra as reformas do governo. A ideia na votação da reforma da previdência é que os 13 ministros com mandato retornem ao parlamento.
Ao vivo: acompanhe a votação da reforma trabalhista
Segundo um auxiliar do presidente, a decisão do governo nas exonerações de hoje - Bruno Araújo (Cidades), Mendonça Filho (Educação) e Fernando Coelho Filho (Minas e Energia) - tem um duplo efeito positivo, isso porque os suplentes de Mendonça e Araújo - a deputada Creuza Pereira e Severino Ninho, respectivamente -, são do PSB e já votaram contra o governo. “Com isso o governo evita dois possíveis votos contra e garante três a favor”, disse uma fonte do Planalto.
A bancada do PSB era composta por 35 deputados, com a saída dos dois suplentes ela fica com 33 parlamentares. A avaliação no Planalto é que se o governo conseguir ao menos 16 votos da sigla reforçará o movimento do partido que ainda quer contrariar a executiva e reverter a decisão de fechamento de questão.
O governo aposta nesta divisão do PSB. O fato de ter conseguido 16 dos 35 votos do partido na aprovação da urgência da reforma trabalhista animou o governo, que quer aproveitar a revolta de parte dos deputados do PSB contra a decisão de fechar questão contra as reformas para conseguir apoio em outras bancadas. A estimativa é de que já tenham hoje 20 votos da bancada.
De acordo com um interlocutor, a medida mostra que o presidente “não está brincando” e que está focado em fazer com que as reformas avancem.
Agora à noite, em outra demonstração de que não quer correr riscos, o presidente exonerou o ministro do trabalho, Ronaldo Nogueira. A medida foi tomada após o suplente do ministro, o deputado Assis Melo (PCdoB-RS), se vestir de soldador e protestar contra o projeto no plenário. A manifestação, que paralisou a sessão, irritou deputados governistas, que começaram a articular com o Palácio do Planalto a exoneração de Nogueira.
Sem ineditismo. A medida de exonerar ministros não é um ato incomum nos governos. O próprio Temer já usou o afastamento temporário em outras ocasiões, como nos dois turnos da votação da PEC do teto dos gastos.
No dia 14 de abril, pouco antes da votação do impeachment na Câmara, a então presidente Dilma Rousseff exonerou quatro ministros que tinham mandato de deputado federal. Na ocasião, Dilma exonerou os peemedebistas Mauro Lopes, da Secretaria de Aviação Civil; Celso Pansera, da Ciência, Tecnologia e Inovação; e Marcelo Castro; da Saúde. Além deles, o petista Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Agrário, também foi exonerado a pedido.
Pansera, Castro e Patrus votaram contra o impeachment, Mauro Lopes, entretanto, acabou votando pelo afastamento da petista./COLABOROU ISADORA PERON
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