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Expansão acima de 4% não é sustentável, admite governo

Fonte da equipe econômica reconhece que crescimento sofre limitação por falta de mão de obra e de infraestrutura

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Por Fernando Dantas e RIO
Atualização:

O limite de crescimento brasileiro atualmente está por volta de 4% ao ano, reconhece um destacado membro da equipe econômica do governo. "De forma sustentável, acima de 4% é difícil hoje. Um ano ou outro a gente consegue, como em 2010, quando cresceu 7,5%. Mas é difícil porque as restrições na economia talvez não permitam isso. Restrições do mercado de trabalho, da infraestrutura", diz a fonte.Mas, continua, a visão é de que o potencial de crescimento se mantém o mesmo dos últimos quatro a cinco anos. A fonte observa que, nos momentos de maior euforia, diversas instituições chegaram a estimar taxas de crescimento potencial acima daquela enxergada, por exemplo, pelo Banco Central (BC). Hoje, ao contrário, haveria um pessimismo exagerado em relação ao potencial.A questão da restrição ao crescimento pelo fim da disponibilidade de absorção de mão de obra em larga escala (o que só era possível quando a taxa de desemprego era muito mais alta) é plenamente reconhecida pela equipe econômica, diz a fonte. Mas há compensações. A média de anos de estudo dos brasileiros com mais de 25 anos saltou de 5,6 em 2000 para 7,2 em 2010. O salto em pontos porcentuais foi maior do que o da China no mesmo período (de 6,6 para 7,6) ou da Índia (de 3,6 para 4,4).Além disso, a taxa de investimento no Brasil de 2000 a 2006 era de 16,3% do PIB. De 2007 a 2012, está na faixa de 18,7%. Produtividade. Na questão da produtividade, a fonte, mesmo reconhecendo os problemas da indústria, nota que há avanços notáveis na agricultura e em segmentos dos serviços, como telecomunicações e o sistema financeiro. Na agricultura, nos últimos dez anos, o crescimento anual médio da produção foi de 5,3%, e o da área plantada de apenas 1,4% - o que indica um forte salto na produtividade.O membro da equipe econômica nota ainda que o limite de 4% para o crescimento é algo do momento atual, e nada impede que possa ser aumentado num prazo de cinco a seis anos.Para isso, porém, é fundamental que seja bem sucedida a atual agenda da presidente Dilma Rousseff de concessão de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, de barateamento da energia elétrica, de redução da carga tributária e de expansão do investimento público, com contrapartida de encolhimento das despesas correntes."O Brasil não está condenado a ter um PIB potencial que não possa se expandir a médio prazo, mas, para que isso aconteça, o governo tem de ser bem sucedido naquela agenda", diz a fonte.

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