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Expansão não amplia inadimplência

Apesar do crescimento do crédito, houve queda nos índices de falta de pagamento, de 5,1% para 4,5% em 12 meses

Por Fabio Graner , Fernando Nakagawa e BRASÍLIA
Atualização:

Enquanto a Caixa Econômica Federal constatou em seus financiamentos forte alta na inadimplência, o que derrubou seu lucro, os empréstimos no conjunto do sistema financeiro têm apresentado redução nos níveis de calote. Segundo o Banco Central (BC), a inadimplência nas operações com os chamados empréstimos com recursos livres caiu para 4,5% em outubro, ante 4,6% em setembro e 5,1% em outubro de 2006. O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, destacou que a queda nos porcentuais de falta de pagamento ocorreu mesmo em um ambiente de forte crescimento do volume de crédito e da incorporação de novos clientes na base do sistema financeiro, o que, teoricamente, elevaria o risco das operações. Segundo ele, o crescimento da renda e do nível de emprego, prazos maiores e juros menores influenciam esse desempenho positivo. Os dados do BC mostram que o desempenho da Caixa, divulgado na semana passada, não reflete o que está ocorrendo no sistema financeiro em geral - e lançam dúvidas sobre os números da estatal. O professor Tharcísio Souza Santos, diretor do MBA da Faap, diz que os dados do BC reforçam a necessidade de uma análise no balanço da Caixa Econômica Federal, cujo lucro caiu 89,4% e somou R$ 62,5 milhões no 3º trimestre ante o resultado na casa do bilhão dos concorrentes Banco do Brasil, Bradesco e Itaú no mesmo período. "É preciso avaliar se os critérios de concessão de crédito da Caixa estão alinhados com os usados nos outros bancos", disse Santos. É o que deverá fazer a procuradoria do Tribunal de Contas da União (TCU), que pretende solicitar informações sobre os financiamentos feitos pela Caixa. Santos diz que os números da inadimplência divulgados pelo BC são positivos porque há redução gradual da taxa de pagamentos em atraso em cenário de forte alta do crédito. ACIMA DA MÉDIA A Caixa diz que houve um aumento na inadimplência no terceiro trimestre deste ano, que contribuiu para reduzir o lucro da instituição, mas afirma que em outubro os índices já retrocederam para os níveis anteriores, ao redor de 5%. O número, no entanto, está acima da média do mercado, que, em outubro, teve calotes na casa de 4,5%. Segundo o banco estatal, o movimento de alta na inadimplência ocorreu pela estratégia de ampliar a clientela entre micro e pequenas empresas, o que fez as concessões para esse segmento subirem 60,1% no trimestre passado, ante igual período de 2006. O economista da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo, pondera que os dados de inadimplência do Banco Central sofrem alguma distorção porque incluem no mesmo indicador o crédito consignado - com desconto direto na folha de pagamentos - e o financiamento de veículos, duas modalidades com risco muito baixo de calote. "A percepção que temos, com base em dados do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), é de que a inadimplência está tendo uma alta suave, embora longe de ser uma explosão", afirmou. "Como a participação do consignado e dos financiamentos de veículos cresceu, o dado do BC fica um pouco prejudicado."

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