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Exportações da América Latina devem cair 14% em 2015, estima Cepal

Se esse cenário for confirmado, será o terceiro ano seguido com retração nas vendas externas e o pior desempenho exportador da região em oito décadas

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Por Murilo Rodrigues Alves
Atualização:
A Cepal acredita ser provável que as exportações continuem em queda em 2016 Foto: JOSE PATRICIO/ESTADÃO

BRASÍLIA - As exportações dos países da América Latina devem cair 14% em 2015. Se esse cenário for confirmado, será o terceiro ano seguido com retração nas vendas externas na região, o que deve fazer com que o triênio 2013/2015 tenha o pior desempenho exportador da região em oito décadas. 

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As projeções foram divulgadas nesta terça-feira pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), órgão das Nações Unidas. Em 2014, as vendas externas dos países da região recuaram 3%. No ano anterior, tinham caído 0,4%. Para o organismo, as fortes quedas nos preços das matérias-primas e a menor demanda internacional pelos produtos da região afetaram as remessas ao exterior. 

A Cepal acredita ser provável que as exportações continuem em queda em 2016, "visto que as perspectivas de uma recuperação dos preços para o próximo ano são pouco auspiciosas". "A região está em uma encruzilhada: ou segue no atual caminho restrito pelo contexto global, ou se compromete por uma inserção internacional mais ativa que privilegie a política industrial, a diversificação, a facilitação do comércio e a integração intrarregional", enfatizou Alicia Bárcena, secretária-executiva da Cepal. 

O estudo do organismo afirma que o atual contexto econômico internacional impede que o comércio recupere o dinamismo que apresentou no período prévio à crise de 2008. A Cepal aponta excesso de liquidez, queda na demanda agregada, menor capacidade dos países emergentes para absorver impactos externos, desaceleração da China e mudança de destino dos fluxos de capitais para a região como mudanças significativas do atual momento. 

A transição da China para uma economia com mais ênfase no consumo representa uma oportunidade, segundo a Cepal, para que os países da região diversifiquem as exportações para aquele país. Um campo a ser explorado, de acordo com o organismo, é o agroalimentar. É esperado que a China duplique suas importações desse tipo de produto até 2020. 

As maiores quedas no valor das exportações devem ser verificadas nos países exportadores de petróleo e seus derivados e de matérias-primas. A Venezuela terá uma contração das vendas de 41%, a Bolívia, 30% e a Colômbia, 29%. No Brasil, segundo a Cepal, as vendas para outros países devem cair 15%. 

Do outro lado, México e os países da América Central serão os menos afetados por causa do aumento da demanda dos Estados Unidos, principal destino dessas exportações. Além disso, as exportações mexicanas e centro-americanas têm alto componente de manufaturas, que não sofreram quedas tão abruptas no valor das exportações como as das matérias-primas. 

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A Cepal critica o fato de que as vendas para a região, chamadas de exportações intrarregionais, devem cair 21%, mais do que o recuo de 13% esperado para as remessas para o restante dos países. Os países da região não conseguiram avançar em pendências tecnológicas e de infraestrutura no período de bonança e agora precisam adotar medidas de ajuste, avalia o estudo.

A organização propõe que a região dê maior ênfase no comércio intrarregional a partir da facilitação do comércio e da negociação para enfrentar os grandes participantes comerciais internacionais. Neste mês, após oito anos de negociações, Estados Unidos, Japão e mais dez países fecharam o maior acordo comercial regional da história.

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