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Exportações de veículos têm alta de 57% e impulsionam montadoras

Aumento das vendas para o mercado externo puxa produção das fabricantes de automóveis, que já começam até a recontratar funcionários

Por e André Ítalo Rocha
Atualização:

As exportações continuam aliviando a crise da indústria automobilística brasileira. Hoje, o mercado externo representa 30% da produção das montadoras, participação que não era alcançada há 12 anos, quando o setor bateu recorde de vendas externas, com 724,1 mil unidades vendidas fora do País.

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Em razão de novos contratos, montadoras começam a suspender programas de corte de produção e até a contratar funcionários, ainda que temporários, para reforçar a produção. No primeiro semestre, as exportações de veículos aumentaram 57,2%, para 372,5 mil unidades.

Diante da alta, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), revisou sua projeção para o mercado externo de expansão de 7,2% para 35,6% em relação a 2016. Agora, espera exportar 705 mil unidades no ano. Se confirmado, será o segundo maior resultado da história, atrás apenas do registrado em 2005.

Em consequência, o volume de produção previsto no início do ano também foi revisto de alta de 11,9% para 21,5%, o equivalente a 2,619 milhões de veículos. De janeiro a junho, foram produzidos 1,263 milhão de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, 23,3% a mais ante igual período de 2016.

Foi o aumento das exportações de caminhões e ônibus para países da América Latina, Oriente Médio, África do Sul e Ásia que levou a Scania a contratar em maio 500 funcionários para a fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. A participação das vendas externas na produção, antes de 30%, está em 70%, informa a Scania.

Gratificante. Após quase três anos desempregado, Tiago Mendes de Oliveira, de 26 anos, está no grupo de recém-contratados pela Scania. “É gratificante voltar a ter um emprego”, afirma o metalúrgico. Segundo ele, a primeira coisa que fez foi se matricular novamente na faculdade de engenharia de produção.

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Tiago Mendes de Oliveira voltou a trabalhar na Scania após quase três anos Foto: Gabriela Biló/Estadão

Em agosto ele retoma o curso abandonado em 2014 após perder o emprego. “Espero poder concluir o curso para ser um profissional qualificado.” Oliveira torce também para ser efetivado na vaga, pois o contrato atual é temporário, por um ano.

Ele trabalhou na própria Scania de 2012 a 2014, mas foi dispensado quando a crise derrubou as vendas de caminhões e ônibus, segmento que continua com dados negativos no mercado interno, mas registra alta nas exportações. No período sem trabalho, ele fez bico na pequena lanchonete da mãe.

O presidente da Anfavea, Luiz Megale, diz que novos acordos comerciais, como os negociados com Peru e Colômbia, o câmbio favorável e o intenso trabalho das montadoras para conquistar novos clientes explicam parte da alta das exportações.

A principal responsável pelo bom desempenho da balança brasileira, porém, é a Argentina, que ficou com 70% dos veículos exportados pelo Brasil. Com uma economia que deve crescer 3% este ano, o país vizinho espera registrar recorde de vendas internas de automóveis.

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“Apesar da instabilidade política, a economia está rodando”, diz Megale que, para o mercado interno, manteve projeções de alta de 4% em relação a 2016, para 2,133 milhões de unidades. Ele ressalta que, apesar da melhora na produção, as fábricas operam com alta ociosidade, o que impede reflexo significativo no emprego. De janeiro até agora foram fechadas 400 vagas e o setor emprega 121,6 mil pessoas, das quais 12,5 mil estão com contratos suspensos (lay-off) ou com jornada reduzida.

Ford. Terminou nesta quinta-feira, 6, a greve de funcionários da Ford em Taubaté (SP), deflagrada em protesto contra a decisão da empresa de retomar jornada semanal que inclui trabalho aos sábados. Novas negociações com a empresa devem ocorrer.

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