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Exportações em queda levam Perdigão a reduzir produção

Grupo cortará em 20% produção para o mercado externo; Sadia já tomou a mesma medida

Foto do author Márcia De Chiara
Por Mariana Barbosa e Márcia De Chiara
Atualização:

A Perdigão vai reduzir em 20% a produção de aves e suínos destinada à exportação no primeiro trimestre. Funcionários de algumas das fábricas voltadas para o mercado externo terão férias coletivas. A redução segue orientação da Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (Abef) e tem por objetivo regular os estoques dos compradores no mercado internacional e segurar os preços do produto. Na semana passada, a Sadia havia anunciado corte semelhante de produção. O recuo no apetite dos compradores estrangeiros já está sendo sentido pela Perdigão desde novembro. As exportações de novembro e início de dezembro caíram 5% em relação a outubro, de acordo com o diretor da área internacional da Perdigão, Antonio Augusto de Toni. Com a queda, 20% das aves que seriam abatidas e embaladas para serem vendidas no exterior foram destinadas ao mercado interno. "Não estamos vendo queda de demanda por parte do consumidor final, mas restrição de crédito nos mercados que importam os produtos." A redução de 20% da produção será compensada, em parte, por estoques que não foram embarcados por causa das chuvas em Santa Catarina. Cerca de 40% do volume que deveria ter sido exportado pela Perdigão em novembro ficou parado no porto de Itajaí. "Pretendemos recuperar 20% disso em dezembro e 20% vai ficar para 2009." A empresa ainda está definindo os detalhes da parada técnica, como número de funcionários e fábricas e prazos. No segmento de carnes, contudo, por causa da falta de bois para abate, as férias coletivas começaram ontem e vão até 4 de janeiro. Os 400 funcionários da unidade de Mirassol d?Oeste (MT) ficarão em casa no período. Apesar das dificuldades no primeiro trimestre, o presidente da Perdigão, José Antonio do Prado Fay, prevê um crescimento de 5% nas exportações, em volume e em valor, para 2009. As exportações representam cerca de 40% da receita da companhia. Esse crescimento, segundo Fay, será impulsionado pelo ganho de competitividade obtido pelo Brasil com a desvalorização cambial. "Nosso principal concorrente, os Estados Unidos, perdeu competitividade e nós ganhamos." Ele lembra que o maior produtor americano, a Pilgrim?s Pride, entrou em recuperação judicial há duas semanas. No mercado doméstico, o presidente da Perdigão prevê um aumento de 5% a 7% nas vendas de aves no Natal. Na opinião dele, a crise não afetará o consumo interno. "O fluxo do consumo de alimentos não se reduz, estamos falando de proteína de frango", diz Fay. A empresa mantém o plano de investimentos de R$ 600 milhões em 2009, valor similar ao realizado em 2008. FALTA DE CRÉDITO A falta de crédito afetou importadores de mercados importantes como a Rússia, destino de 17% das exportações da Perdigão. Há casos de navios que chegam ao país e não podem desembarcar os frangos porque os compradores não têm dinheiro para pagar a fatura. Pelo contrato, o produto não pode ser remetido para um terceiro país. Só pode voltar para o Brasil ou ficar até três meses à espera do pagamento. Depois disso, o produto é leiloado. Como trazer a mercadoria de volta é inviável economicamente, os produtos acabam encalhados no porto. "Isso já é suficiente para deixar os produtores brasileiros nervosos", afirma o presidente da Abef, Christian Lohbauer.

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