O ministro do Desenvolvimento Econômico, Luiz Fernando Furlan, afirmou nesta terça-feira em Lisboa, Portugal, que as medidas de apoio aos exportadores, afetados pela queda do dólar, serão tomadas quando os mercados se acalmarem. "Já fizemos as propostas, juntamente com o Guido Mantega (ministro da Fazenda) o (presidente do Banco Central, Henrique) Meirelles e provavelmente na minha volta ao Brasil deve haver novidades. Havia uma precaução de aguardar passar esse período de maior volatilidade dos mercados e aparentemente estamos entrando num período de menor turbulência. Não seria muito prudente adotar medidas no meio dessa volatilidade". Furlan, que está em Portugal para inaugurar o Centro de Distribuição de produtos brasileiros da APEX para a Península Ibérica, falou das medidas de apoio aos exportadores. "Inclui o financiamento pré-embarque denominado em reais e vamos ter na próxima semana a nova Taxa de Juros a Longo Prazo (TJLP, atualmente em 8,15% ao ano). A partir de julho com a nova taxa, esperamos que menor que atual, evitaria a necessidade que os exportadores usassem capital de giro para financiar as exportações. Hoje, as exportações são obrigadas a fechar dentro do prazo de 210 dias e estudamos a possibilidade de o fechamento ir para 360 dias e até para 720 dias." Segundo Furlan, as previsões sobre o comércio exterior continuam valendo, apesar das variações de câmbio. "Mantemos as previsões de US$ 132 bilhões de exportações. As importações, nós estimamos um crescimento mais vigoroso, provavelmente acima dos 20%, o que é bom para o País, que haja mais comércio". Bens importados Sobre os bens a serem importados o ministro disse: "Tradicionalmente, as importações nossas não são de bens de consumo. Bens de consumo representam uma minoria, ao redor de 10%. Mas nos últimos meses tem crescido a importação de bens de consumo pela atratividade da taxa de câmbio, mas a maior parte das nossas importações é de bens de capital, matérias-primas e componentes. Neste ano, há também a importação de uma grande quantidade de componentes da área eletroeletrônica, pelo aumento da produção e da demanda, principalmente do pólo industrial de Manaus e dos celulares". O ministro explicou as medidas que são previstas para os setores que enfrentam dificuldades. No setor de transportes, o destaque do ministro vai para a recuperação da venda de caminhões. "O programa Pró-Caminhoneiro foi lançado com um spread de 1% pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) e um financiamento de 100% do valor, com 7 anos de prazo, inclusive para caminhões usados de até 8 anos, e a gente espera que com isso o setor de material de transporte tenha uma melhora de demanda. O governo também estudo algumas medidas, mas eu não estou participando diretamente neste momento, porque estou em viagem." Acordo automotivo Furlan acredita que na próxima semana o novo acordo automotivo com os argentinos esteja fechado. "Estamos finalizando a renegociação do acordo automotivo com a Argentina. Meu pessoal está lá em Buenos Aires e eu espero estar lá na segunda-feira da semana que vem e que tudo corra bem para firmar o novo acordo automotivo com a Argentina." Em outro setor, também afetado pela taxa de câmbio, ele explicou o que o governo toma "algumas medidas, como as para o setor dos calçados, já foram anunciadas na reunião que os representantes do setor tiveram com o presidente. Foi também feito um mutirão da receita federal para devolver os impostos que precisam ser auditados". Ele mencionou as medidas de crédito: "Foi criada uma linha de crédito com taxa de TJLP mais 2,8% para o setor de calçados e o Pró-Geren. Nas últimas semanas vimos uma recuperação da taxa de câmbio, que subiu para 2,25 reais, cerca de 10% acima dos 2,05 reais que tinha alcançado." Furlan não indicou, porém, qual a taxa de câmbio que seria ideal para o setor produtivo da economia. "Os exportadores gostariam que fosse de 3 reais por dólar, a mesma relação de três para um que a Argentina tem hoje. Mas diante da realidade, eles baixam as expectativas. Mesmo com a atual taxa de câmbio, as exportações vão continuar crescendo, embora com menos vigor do que nos primeiro três anos do governo Lula."