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Exportadores temem dólar baixo e pedem queda de juro

Por Paula Pacheco
Atualização:

O dólar em queda é motivo para dor de cabeça entre os exportadores brasileiros, que culpam a política de taxa de juros do Banco Central pela oscilação da moeda americana. Segundo Roberto Giannetti da Fonseca, diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), até agora havia uma sensação de que o Brasil voltava a uma situação pré-crise, com os bancos emprestando dinheiro e o desemprego caindo. Mas o juro alto do País, diz, é um chamariz para o investimento internacional especulativo, que encontra aqui uma oportunidade de ganho no curto prazo. "O câmbio está diretamente ligado à taxa de juro. Não sou eu só que digo, mas o Delfim (Netto), o Belluzzo (Luiz Gonzaga) e o José Roberto Mendonça de Barros. É um erro grave manter os juros reais elevados, porque desvaloriza o real e causa perdas na economia", analisa Giannetti. Além de reduzir a taxa básica de juro, afirma, o governo deveria cuidar dos tributos que incidem sobre as exportações, que levam muito tempo para serem reembolsados em forma de crédito para os exportadores. Segundo ele, só de Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) calcula-se que há entre US$ 30 bilhões e US$ 40 bilhões em estoque nos cofres estaduais que não foram usados pelos exportadores. Flávio Castelo Branco, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), concorda com a necessidade de revisão tributária. "É preciso acelerar as medidas de utilização dos créditos. Hoje eles são micos nas mãos das empresas porque simplesmente não podem ser usados", avalia. Superintendente da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimento (Anfacer), Antonio Carlos Kieling se diz preocupado. Ele previa um crescimento de cinco pontos porcentuais nas exportações do setor. Agora Kieling tem dúvidas. "O que mata o exportador é essa instabilidade do dólar. Você fecha o contrato hoje e não sabe se na entrega, dependendo da cotação, vai conseguir pagar os custos", afirma. A empresária Luciana Paiva produz bolsas femininas em Varginha, interior de Minas. A Cosmopolita é uma pequena empresa que fatura por ano R$ 700 mil - 10% é vendido para países como França, Itália e Japão. Se o dólar ficar abaixo de R$ 2, Luciana pode ter de mudar de estratégia e se voltar mais para o mercado interno: "Será preciso ter muita cautela. Vamos investir no mercado nacional, que vive um momento que não é fácil, porém em uma situação bem mais favorável do que acontece lá fora".

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