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Fábrica da Botnia é paralisada no Uruguai, após acidente

Segundo o presidente do Sindicato de Trabalhadores da Construção, o reinício das obras só ocorrerá se houver "garantias de segurança por parte da empresa"

Por Agencia Estado
Atualização:

A obra de instalação da polêmica fábrica de celulose finlandesa Botnia, em Fray Bentos, no Uruguai, está paralisada desde a última sexta-feira, por causa de um acidente. Segundo o presidente do Sindicato Único de Trabalhadores da Construção (Sunca) do Uruguai, José Cáceres, o reinício das obras só ocorrerá se houver "garantias de segurança por parte da empresa". A entidade encaminhará ao Ministério do Trabalho daquele país um pedido de "inspeções na planta, pelo menos duas vezes por semana", disse Cáceres em entrevista a diversas rádios de Buenos Aires. Ele explicou que devido "à magnitude da obra e o perigo das etapas em curso (montagem eletromecânica e obra civil), os controles têm que ser maiores e mais rígidos, já que é factível que sucedam acidentes porque são muitas empresas trabalhando". Cáceres afirmou que "tem muitas empresas contratadas e outras subcontratadas que se misturam e realizam suas atividades em espaços reduzidos e isso leva a uma situação de risco". O sindicalista reconheceu que a Botnia "ajusta os prazos porque quer que a planta esteja funcionando no terceiro trimestre deste ano", e, com isso, os quatro mil empregados que constroem a fábrica trabalham apressados. Enquanto os operários discutem a segurança na obra, o embaixador espanhol Juan Antonio Yañez Barnuevo tenta reabrir o diálogo entre a Argentina e o Uruguai sobre o assunto. O enviado do rei Juan Carlos de Borbón desembarcou no domingo à noite em Buenos Aires, onde se reúne com o chanceler argentino, Jorge Taiana, nesta segunda-feira, e no dia seguinte seguirá para Montevidéu. O objetivo desta terceira visita do mediador do conflito é impulsionar o diálogo entre os presidentes Néstor Kirchner e Tabaré Vázquez, proposta que foi sinalizada por ambos os presidentes como positiva para encontrar uma solução do conflito bilateral que já dura dois anos. Entre as idéias apresentadas por Yañez Barnuevo constam a instalação de canos para que os dejetos da fábrica sejam derramados longe da cidade argentina de Gualeguaychú; garantir o tratamento da água do rio Uruguai, que divide os dois países, e o desenho de uma "barreira visual verde" para dissimular as altas chaminés sobre a paisagem da turística Gualeyguachú. O chanceler uruguaio, Reinaldo Gargano, afirmou que a chegada do mediador espanhol gerou "expectativa" em seu governo, que estava disposto "a deixar todas as portas abertas" para encontrar uma solução ao conflito. O chanceler Taiana também se manifestou no mesmo sentido. No entanto, os manifestantes contrários à instalação da fábrica, anunciaram um bloqueio total das fronteiras entre os dois países na próxima quarta-feira, período em que o turismo registra um alto movimento entre os que vão e voltam das férias nas praias uruguaias. Atualmente, somente uma das três pontes sobre o rio Uruguai encontra-se bloqueada há dois meses.

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