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Fábrica de calçados de Franca demite 485 pessoas

Empresa praticamente encerrou suas atividades, mantendo apenas 80 pessoas devido a impedimentos legais

Por Brás Henrique e da Agência Estado
Atualização:

O carnaval não foi animado para 485 pessoas de Franca, na região de Ribeirão Preto, demitidas na sexta-feira pela indústria calçadista Agabê. Com mais de 60 anos de existência, a empresa, responsável por cerca de 60% da produção de sapatos da italiana Hugo Boss, praticamente encerrou suas atividades na cidade paulista, mantendo apenas 80 pessoas devido a impedimentos legais trabalhistas (que também serão dispensadas no momento oportuno). Segundo a Assessoria de Imprensa da Agabê, a empresa, que mantém cerca de mil funcionários na unidade de Aracati (CE), mudará o modelo de gestão, adotando o "licenciamento" de seus produtos, que serão feitos por fábricas pequenas de Franca, mediante contratos ainda em fase de negociação. A Agabê já teve cerca de 3 mil funcionários diretos em 2004, quando produzia 10 mil pares de sapatos por dia. Ultimamente, produzia 800 pares por dia em três unidades (já desativadas) em Franca. Mas, nos dois últimos anos, a empresa operou no prejuízo, afetada nas exportações pela queda do dólar. A Assessoria de Imprensa não confirmou o valor da dívida da Agabê. Em Aracati, os 1 mil funcionários produzem 3,5 mil sapatos/dia.   Terceirização   "A Agabê fez uma pressão psicológica com os funcionários, dizendo que a produção iria toda para o Nordeste, mas o `filé' dela está em Franca, com a terceirização", diz o diretor do Sindicato dos Sapateiros de Franca e Região, Antonio Carlos Gomes Jardim.   A empresa recusa o termo "terceirização", preferindo "licenciamento", mas o próprio presidente do Sindicato das Indústrias de Calçados de Franca (Sindifranca), Jorge Donadelli, fala em "terceirização", um sinal dos "novos tempos", de "ajustes" no setor, como já fazem Samello e Sândalo. "A empresa terá menor custo administrativo e será mais competitiva, e as fábricas pequenas daqui estão bem e produzindo com qualidade", garante Donadelli. Segundo ele, o setor encerrou 2007 com 22 mil funcionários, mas a média foi de 26 mil no ano - no começo dos anos 1980 chegou ao pico, com 37 mil funcionários.   Para Donadelli, as demissões da Agabê não terão impacto. "Entre 30 e 60 dias essa mão-de-obra será absorvida pelas pequenas fábricas", disse ele. Mas Jardim destacou que a prática da mudança de gestão prejudica a organização sindical e que também é uma forma de explorar os trabalhadores. "As empresas só pensam em lucro", comentou Jardim. As homologações das pessoas demitidas serão na segunda-feira, dia 11.

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