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Fábrica paraguaia da Rio Tinto deve afetar Brasil

Operação de alumínio vai consumir muita energia de Itaipu e oferta de eletricidade para exportação deve cair, diz presidente de país vizinho

Por Fernando Nakagawa , CORRESPONDENTE e LONDRES
Atualização:

Em meio aos problemas do setor elétrico brasileiro, que teve apagões e empresas insatisfeitas com mudanças de regras, o Brasil pode sofrer mais um revés. Ontem, o presidente do Paraguai, Federico Franco, afirmou que o país vizinho consumirá mais energia com a futura instalação de uma fábrica de alumínio e, assim, deve exportar menos eletricidade ao Brasil e à Argentina. Ou seja, além de pedir aumento dos preços, o governo paraguaio agora sinaliza a perspectiva de reduzir o volume de eletricidade vendida. "O Brasil paga hoje US$ 240 milhões pela energia de nove turbinas de Itaipu que correspondem à parte paraguaia. Pela energia de apenas uma turbina, a Rio Tinto pagará muito mais do que as nove turbinas", disse, em entrevista ao canal de televisão Telefuturo na manhã de domingo, segundo o jornal ABC Color de Assunção. Na conversa, o principal tema foi a instalação no país de uma fábrica da Rio Tinto Alcan, braço da anglo-australiana que produz alumínio. Com a unidade, a demanda paraguaia por energia aumentará e o volume disponível para exportação cairá, explicou o presidente. A sinalização aconteceu menos de 48 horas após a assinatura de um protocolo de intenções entre o governo de Franco e a multinacional. Conforme o documento assinado na sexta-feira, a Rio Tinto pretende instalar um complexo para fabricação de alumínio e pode consumir mais de uma turbina de Itaipu, cerca de 1.100 megawatts, ou 7% da produção da usina binacional. Durante a entrevista, segundo o ABC Color, Franco disse que a chegada da Rio Tinto ao Paraguai representa o início da "soberania energética" do país e que, com isso, "Brasil e Argentina começarão a respeitar o Paraguai". Reação. O Ministério de Minas e Energia não comentou as declarações do presidente paraguaio. De acordo com a assessoria de imprensa, os técnicos responsáveis pela área que cuida de Itaipu não foram localizados por causa da folga de Natal. A pasta, porém, pode emitir um posicionamento amanhã, quando as equipes retornarem do feriado. Em outras ocasiões nas quais o presidente Franco ameaçou o País com a diminuição da venda de energia de Itaipu, a posição foi sempre a mesma - os paraguaios têm o direito de utilizar até metade da eletricidade produzida pela usina binacional, mas estão obrigados pelo tratado de construção da hidrelétrica a vender o restante para o Brasil. / COLABOROU EDUARDO RODRIGUES

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