Fabricantes de eletroeletrônicos perdem até 40% da produção

Freada foi provocada pelas restrições impostas ao funcionamento das fábricas que até semana passada podiam funcionar 12 horas por causa da pandemia; a partir de hoje a indústria pode voltar a trabalhar em três turnos

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Por Márcia De Chiara
3 min de leitura

A segunda onda de covid-19 em Manaus (AM), muito mais grave do que a primeira de 2020, desestabilizou a produção da indústria da Zona Franca neste início de ano, num momento em que as fábricas estavam a todo vapor.

Exceto as fabricantes de alimentos, bebidas, produtos de higiene pessoal e limpeza, insumos farmacêuticos e embalagens – itens considerados como essenciais – as demais indústrias tiveram severas restrições ao funcionamento no mês passado por causa do agravamento da crise sanitária.

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Zona Franca de Manaus (AM) concentra toda a produção de televisores do País Foto: ALBERTO CESAR ARAUJO/PAGOS

Operando com um turno em janeiro, fabricantes de eletroeletrônicos calculam que tenham perdido entre 30% e 40% na produção, um volume muito significativo para o setor. 

Também a Honda, maior montadora de motocicletas, suspendeu a produção entre os dias 25 de janeiro e 3 de fevereiro por causa do agravamento da pandemia e deu férias coletivas ao funcionários. A empresa informa que “ainda é prematuro precisar qual será o impacto da segunda onda de covid-19 na produção”.

Mas uma freada no ritmo das indústrias de Manaus pode ter impactos significativos na atividade fabril. É na Zona Franca que são produzidos todos os televisores, aparelhos de ar condicionado e motocicletas do País e também boa parte dos telefones celulares, notebooks e fornos de micro-ondas. Também o peso dos segmentos de duas rodas e de eletroeletrônicos na indústria do Amazonas é significativo. Juntos, esses dois segmentos respondem por mais de 75% do faturamento e dos empregos fabris do Estado.

Abastecimento

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 A Honda admite a indisponibilidade de alguns modelos de motos em determinadas regiões por causa da pandemia. Nas contas da Abraciclo, entidade que reúne a indústria do setor de duas rodas, o déficit na entrega de motocicletas varia, no momento, entre 150 mil e 200 mil unidades. Ele é resultado da demanda aquecida por causa do boom dos serviços de entrega (delivery) e das paralisações da produção ocorridas em 2020 e das novas restrições neste ano.

“A nossa capacidade de atendimento com produtos fabricados em Manaus está reduzida”, admite João Carlos Brega, presidente da Whirlpool para América Latina. Em Manaus, a empresa, que é dona das marcas Brastemp e Consul de eletrodomésticos, produz aparelhos de ar condicionado, fornos de micro-ondas, filtros de água e máquinas para o preparo de bebidas geladas.

Até pouco tempo atrás, a fábrica da Whirlpool em Manaus ocupava 90% da sua capacidade de produção e, no mês passado, essa fatia tinha se reduzido para 65%. 

Brega diz que a demanda de todos os produtos ligados à casa continua forte. E que, apesar desse descompasso entre a procura e a oferta, neste momento a prioridade da companhia é agir para que a crise sanitária seja superada o mais rápido possível. “Além do foco humanitário, sem a saúde voltar, não há negócio”, argumenta.

Também nessa direção, o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), José Jorge do Nascimento Jr, alerta que é preciso acelerar a vacinação no Estado do Amazonas. “Entendemos que o governo federal tem uma política de tratar todos os Estados de forma igualitária, mas o Amazonas está mostrando que tem uma particularidade grande e a ideia é que se priorize o Estado neste momento.”

Wilson Périco, presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam) lembra que a indústria tem procurado ajudar a população que necessita de atendimento hospitalar. Rapidamente, conta ele, as indústrias se mobilizaram e devolveram o oxigênio para os fornecedores, a fim de que o gás fosse destinado ao setor de saúde. O oxigênio é um insumo importante usado pelas fábricas nas soldas industriais. Périco acrescenta que as fábricas foram adaptadas, seguem rígidos protocolos contra covid e são ambiente seguro.

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