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Fábricas ficam menores e mais especializadas

Ao abrir negócios próprios, ex-funcionários de grandes indústrias evitam erros dos antigos patrões ao se concentrarem em partes específicas da cadeia têxtil

Por Marina Gazzoni e BRUSQUE (SC)
Atualização:

Apesar de assistir à quebra das fábricas que deram à cidade uma vocação para a produção têxtil, o polo de Brusque, em Santa Catarina, não vive uma crise econômica. Ex-funcionários de empresas centenárias, como a falida Tecidos Carlos Renaux, criaram novas indústrias, com máquinas e gestão mais modernas.Santa Catarina é o segundo maior polo têxtil do País, atrás de São Paulo. A cidade de Brusque é a segunda mais relevante no polo têxtil catarinense, depois de Blumenau. "A crise no polo têxtil de Brusque é exclusiva das fábricas centenárias. Essas empresas trouxeram a vocação têxtil para a cidade, mas o polo não se limitou a elas", disse o prefeito de Brusque, Paulo Eccel (PT-SC). "As novas companhias e os shoppings de atacado e varejo absorveram os trabalhadores demitidos das fábricas antigas. Temos pleno emprego em Brusque", completou.Os dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção apontam, no entanto, que parte do emprego saiu da indústria: em 2012, a indústria têxtil empregava 202 mil pessoas em Santa Catarina, ante 211 mil em 2011."O número de fábricas subiu, mas o emprego caiu porque a indústria ficou mais importadora", disse Marcus Schlösser, presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem, Malharia e Tinturaria de Brusque.Em 2012, existiam 1.476 indústrias têxteis e de vestuário em Brusque, 100 a mais do que em 2011, segundo dados do sindicato. "Nasceram em Brusque empresas menores, mais enxutas e com a vantagem fiscal do Simples", disse Schlösser.As novatas do polo têxtil de Brusque não costumam centralizar todo o processo produtivo na mesma fábrica, como faziam as pioneiras na cidade. Elas são mais focadas em serviços especializados, como tinturaria, e confecções (veja abaixo). "Muitas produzem malhas e confecções aqui, mas usam parte dos componentes importados", disse Schlösser.A importação de insumos se refletiu na balança comercial catarinense. No ano 2000, o Estado representava 25% das exportações de têxteis e confecções, com US$ 301 milhões, e apenas 9% das importações, com US$ 139 milhões. Esse dado se inverteu em 2012: Santa Catarina importou US$ 2,05 bilhões em têxteis, 31% do total no País. Mas exportou apenas US$ 172 milhões, 5% do total nacional.

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