Publicidade

Fala ''''acadêmica'''' de Bernanke frustra mercados

Presidente do Fed diz que poupança global continua elevada e prêmios de risco estavam baixos demais

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O pronunciamento do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, durante uma conferência do banco central da Alemanha, frustrou analistas e investidores ontem. Na exposição, considerada acadêmica, ele não fez comentários sobre a economia dos Estados Unidos nem sobre política monetária. Bernanke disse que os elementos do excesso da poupança global permanecem inalterados. ''''Minha leitura dos acontecimentos recentes é a de que, enquanto alguns detalhes mudaram, os elementos fundamentais do excesso de poupança global permanecem inalterados.'''' Segundo ele, as raízes desse nível elevado estão nas altas taxas de poupança de países produtores de petróleo e nas economias de mercados emergentes, os quais fluíram para países industrializados com baixa taxa de poupança doméstica, como os Estados Unidos. Entretanto, observou, ''''o crescimento econômico nos últimos anos, especialmente nos países industrializados, aparentemente foi suficiente para elevar a demanda líquida por poupança e, dessa maneira, elevar a taxa de juro real global de alguma maneira''''. Bernanke afirmou que os EUA precisam elevar a poupança doméstica, especialmente à luz da transição demográfica de dezenas de milhões de pessoas para a idade da aposentadoria. No entanto, economias de mercados emergentes, como a China, devem alterar a fonte de alimentação de sua economia do setor exportador para o consumo doméstico. ''''O mundo desenvolvido deve ser receptivo e não provedor de capital financeiro'''', afirmou. Ele também disse que os prêmios de risco ''''parecem recentemente ter subido para acima do que foram níveis insustentavelmente baixos, em parte por conta da ampla volatilidade recente dos mercados financeiros e da demanda dos investidores por melhor compensação''''. REPERCUSSÃO A ausência de observações ligadas aos efeitos da turbulência financeira sobre a economia dos EUA desagradou aos analistas. Eles esperavam ouvir de Bernanke declarações que ajudassem a calibrar as expectativas sobre a provável inclinação do Fed no encontro de terça-feira que vem. ''''O discurso abordou os desequilíbrios globais com forte referência acadêmica'''', analisou o vice-presidente da divisão de mercado global do Bank of New York, Michael Woolfolk. O analista vê 30% de probabilidade de uma recessão nos EUA. Para acompanhar o estado da economia do país, ele recomenda monitorar o nível dos índices acionários, as condições no mercado de trabalho e os níveis de vendas no varejo. NALU FERNANDES COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.