PUBLICIDADE

Publicidade

Fala de Meirelles eleva previsão de juro

Antes dividido entre alta de 0,50 ponto ou de 0,75 ponto, mercado agora aposta numa elevação mais forte, que deixaria a taxa Selic em 9,5% ao ano

Por Fernando Nakagawa e BRASÍLIA
Atualização:

Na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o mercado modificou suas apostas, concentrando-as numa elevação mais forte da taxa básica de juros (Selic). Antes divididos entre uma alta de 0,50 ponto ou 0,75 ponto, ontem os operadores convergiram para a elevação maior, o que levaria a taxa para 9,50% ao ano. Alguns até arriscavam que o aumento poderá chegar a 1 ponto porcentual, o que ajudaria a poupar o Banco Central (BC) de elevar a taxa no período eleitoral. A mudança na expectativa foi acompanhada pela elevação dos juros no mercado futuro.Sexta-feira, os contratos futuros negociados na BM&F apontavam probabilidade de 60% para uma elevação de 0,75 ponto e 40% para alta de 0,50 ponto. Ontem, essa proporção mudou para 80% e 20%, respectivamente. A movimentação foi provocada por declarações do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Suas palavras agitaram os negócios desde cedo. "A mensagem que eu daria aos players (agentes) é de que não tentem ler nas entrelinhas o que o BC disse nas atas ou no Relatório de Inflação (e tentem encontrar) um sinal dado por um membro ou por outro. Não há sinais", disse ele em entrevista à agência Dow Jones. Meirelles explicou que os textos do BC, como o Relatório de Inflação e as atas do Copom, não dão "nenhum sinal sobre se há um número versus outro". Em outra entrevista, à Reuters, ele passou mais um recado. "O BC vai adotar medidas fortes para garantir que a inflação atinja a meta no horizonte relevante."O tom é bem diferente do ouvido na semana passada. A mudança de discurso foi percebida após conversa reservada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quinta-feira. O encontro, que não estava na agenda do Planalto, ocorreu antes da viagem do presidente do BC aos EUA. Para alguns analistas, Lula pode ter dado o "sinal verde" para Meirelles agir com força e segurar a inflação. O presidente tem dito nos bastidores que quer entregar o cargo com a inflação "nos trilhos" ao sucessor.Diante das afirmações, começaram a ser ouvidas avaliações de alguns analistas de que uma alta do juro mais forte concentrada nas próximas reuniões também teria como efeito a derrubada das projeções de inflação, o que diminuiria a necessidade de aumentos expressivos da Selic perto das eleições. "O BC está avisando que o comportamento mudou e não está mais disposto a ficar atrás do mercado, atrasado", diz um economista de banco em São Paulo. Focus. Na pesquisa semanal feita pelo BC, o mercado aumentou a previsão para o nível da Selic no fim do ano de 11,50% para 11,75%, o que indica aposta em uma subida de 3 pontos até dezembro. A pesquisa também teve a 14.ª alta seguida das previsões para o IPCA, que passou de 5,32% para 5,41%. A meta é de 4,50%. / COLABOROU LEANDRO MODÉ

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.