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''Falcões'' e ''pombas'' no ninho do BCE em Frankfurt

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Por Redação
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A profundidade da crise na União Europeia e a já esperada letargia do bloco para reverter a curva do crescimento econômico dividem internamente o Banco Central Europeu (BCE). Separados entre ortodoxos, ou "falcões", e heterodoxos, as "pombas", os membros da cúpula da autoridade monetária da zona do euro medem forças sobre a extensão de suas intervenções para enfrentar a recessão. A revelação dos bastidores do BCE, com sede em Frankfurt, foi feita pelo jornal Les Echos, de Paris. De acordo com a publicação, os falcões, mais rigorosos, são representados no banco por pesos pesados como o presidente da instituição, o francês Jean-Claude Trichet, e os presidentes do BC alemão, Alex Weber, e luxemburguês, Yves Mersch. Todos reconhecem a gravidade da crise, mas consideram a austeridade monetária um valor mais seguro. Para os falcões, a arma monetária deve ser usada com controle estrito, mesmo em tempos de recessão profunda. São os falcões os guardiões da luta contra a inflação. Daí a preocupação constante de Trichet em alertar para a ameaça do aumento dos preços - mesmo que a ameaça mais urgente pareça ser a da deflação. "A taxa de inflação vai aumentar de novo", disse o presidente do BCE, mesmo que tenha se mantido "de maneira temporária em níveis negativos por alguns meses em meados de 2009". Para combater a inflação, os falcões resistem a baixar a taxa de juros - ao contrário do que fazem o Fed nos EUA e o BoE no Reino Unido. A ideia é evitar o juro zero, que além de reduzir a margem de manobra da política monetária ainda teria levado o Japão à estagnação nos anos 90. Opostos a essa visão estão as pombas. Mais flexíveis, defendem o uso da arma monetária em larga escala para reduzir o ritmo da queda do PIB e diminuir o efeito devastador da recessão no mercado de trabalho. Em 7 de maio, na última reunião do Comitê de Política Monetária do BCE, em Frankfurt, Trichet anunciou a redução em 0,25 ponto da taxa básica de juros da zona do euro. O índice agora é de 1%. O banqueiro francês definiu, então, o novo nível como "adequado". Na Europa, falcões e pombas se aproximam lentamente. A.N.

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