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Falta de energia: impacto no mercado de ações

O valor das ações de empresas do setor de energia já considera o problema do racionamento, mas não há certeza de que as cotações vão ficar estáveis. O setor de alumínio é o mais afetado.

Por Agencia Estado
Atualização:

O racionamento compulsório de energia afeta o desempenho das ações das empresas do setor de energia. A participação no setor elétrico na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) está em torno de 12,5% da carteira do Ibovespa - índice que mede a valorização das ações de empresas mais negociadas na Bovespa. Segundo Isabel Pedrosa, diretora da área de análise da BankBoston Asset Management, a perspectiva de queda no lucro das empresas do setor também já está projetada na expectativa para o desempenho do Ibovespa. Em 12 meses, a diretora acredita que o Ibovespa acumule ganho de 12%. Mas, segundo analistas, muitos papéis já embutiram em seus preços o problema energético. De acordo com Isabel Pedrosa, os cálculos sobre o impacto do racionamento no valor das ações já foi feito, pois sabia-se que as empresas teriam problemas de produção e distribuição. Na Bovespa, o valor das ações das empresas Cemig, Light, Eletropaulo e Eletrobrás, que são as mais afetadas, acumulam queda de 4,88%; 8,80%, 17,76% e 9,73%, respectivamente, no acumulado do mês até o dia 16. A diretora do BankBoston explica que, no caso da Cemig, como a energia vendida por essa empresa é formada em parte por produção de outras empresas, o lucro vai depender do custo dessa parte da energia. "O ganho será determinado pelo preço do produto que está sendo comprado e quanto ele vai pesar no lucro da companhia", avalia. A Light e a Eletropaulo enfrentam os inconvenientes de serem empresas distribuidoras. Segundo Fernando Aoad, gerente de investimentos do HSBC Investment Bank Brasil, o impacto para essas companhias vai depender de um possível aumento das tarifas. "Como não geram energia, apenas distribuem, terão uma receita menor com a contenção do consumo. Se não houver o repasse de um possível aumento das tarifas para o consumidor, o ganho da empresa será menor", explica. Já a Eletrobrás é uma companhia geradora de energia, e, devido ao problema de escassez de água com a falta de chuva, as perspectivas também não são boas, na opinião de Isabel Pedrosa. "O volume de água que entra é menor, assim como a produção. Ao mesmo tempo, o custo para a produção é o mesmo, ou seja, o lucro da empresa fica menor", afirma. Racionamento terá impacto maior no setor de alumínio O racionamento compulsório de energia afeta, principalmente, o segmento de alumínio, pois a produção das empresas desse segmento depende em 60% de energia. Não há empresas específicas desse segmento com capital aberto na Bolsa, mas há algumas que têm parte da produção em alumínio. É o caso da Vale do Rio Doce. De acordo com dados da Lafis, empresa de consultoria, mesmo depois da privatização, a ex-estatal manteve todas as suas participações no setor de alumínio por meio da subsidiária Aluvale (MRN, Alunorte e Albrás). O faturamento conseguido com a produção do alumínio representa cerca de 13% do total, com mais de R$ 669 milhões anuais com a privatização da empresa em maio de 1997. Para Ricardo Kobayashi, chefe de análise de empresas do Pactual Asset Management, os resultados financeiros da empresa não devem ser afetados. "A Vale do Rio Doce produz energia e, no período de racionamento, tem a opção de vender energia ao invés de atuar no setor de alumínio", explica. A diretora do BankBoston também cita as empresas do setor de aço, papel e celulose entre as mais afetadas pelo racionamento compulsório de energia. "São empresas que precisam de muita energia elétrica em seus processos produtivos", explica.

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