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Falta de interesse de investidor faz Petrobrás interromper oferta de títulos, dizem fontes

Emissão de R$ 3 bilhões de debêntures, prevista para este mês, não despertou interesse de muito investidores institucionais, como fundos de investimento

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Por Cynthia Decloedt (Broadcast)
Atualização:
 Foto: Estadão

SÃO PAULO - A falta de demanda, especialmente dos investidores institucionais, fez a Petrobrás optar ontem ao final da noite pela interrupção da oferta de R$ 3 bilhões de debêntures, segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Os coordenadores apostavam nos investidores institucionais para colocar a operação em pé, uma vez que algumas das maiores assets tinham ficado de fora e a leitura era de falta de apetite entre as pessoas físicas.

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Uma das fontes com conhecimento do assunto disse que a demanda teria ficado pouco acima de R$ 2 bilhões. Outro profissional ouvido comentou que o livro pode não ter alcançado esse montante. "Não havia tempo hábil para alterar as condições da oferta, seja por aumento da remuneração ou redução do prazo, a fim de tornar a operação mais atraente", observou o profissional. De acordo com ele, a companhia evitou o risco de não atingir demanda suficiente para cobrir o livro e decidiu adiá-la para a próxima janela.

Pelas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a companhia tem de realizar o bookbuilding da oferta em até 16 dias da divulgação do balanço e conferir aos investidores cinco dias para que possam reavaliar a operação quando há mudança nas condições. Ao mesmo tempo, eventuais alterações no prospecto teriam de ser aprovadas pelo Conselho de Administração da Petrobrás, acrescentou a fonte.

Um profissional disse que a volatilidade do final de setembro e início de outubro, período de reserva para os investidores de varejo, prejudicou a leitura da emissão. De todo modo, os comentários pelo mercado eram de que muitos gestores fizeram contas e concluíram que não valia a pena adquirir a debênture com retorno menor do que o dos bônus de dívida que a Petrobrás tem emitidos no exterior.

Como exemplo, profissional afirmou que um bônus de dívida com prazo médio de 3,7 anos remunera ao equivalente de 150% do CDI, enquanto a série de cinco anos em CDI das debêntures era oferecida ao equivalente de 112,5% do CDI. Uma das séries era incentivada (isenta de Imposto de Renda), apresentava prazo de cinco anos e tinha teto de remuneração equivalente a 130% do CDI já considerando o efeito da isenção do Imposto de Renda.

Entre as pessoas físicas as quais a emissão foi apresentada, teria havido ceticismo em carregar o papel em meio aos questionamentos quanto ao endividamento da empresa.

A emissão tem três séries. Na primeira série, de cinco anos, o retorno oferecido é correspondente ao CDI somado a um spread de 1,85% como teto. A segunda série, de sete anos, é incentivada e oferece juro calculado a partir da NTN-B com vencimento em agosto de 2022, acrescido de um spread de 0,80%, pagos anualmente. Na terceira série, o teto de remuneração estabelecido é equivalente a NTN-B com vencimento em 15 de agosto de 2024 somado a um spread de 1,60%.

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No mercado de dívida externa, a notícia da interrupção da oferta não tinha, até o momento, causado reação relevante nos preços dos bônus da companhia. O bônus da Petrobrás 2024 era cotado hoje a 78,20% do valor de face ante 78,75% do valor de face ontem, uma queda de 0,69%.

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